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Artigos Campo Grande pode retomar o protagonismo econômico de MS? Mateus Boldrine Abrita, doutor em Economia pela UFRGS, pós-doutor em Administração Pública pela UFMS e professor efetivo na UEMS 14 OUT 2024 • POR Mateus Boldrine Abrita, doutor em Economia pela UFRGS • 07h30
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Apesar de apresentar uma taxa de desocupação análoga ao pleno emprego, o que é muito bom e difícil de alcançar, a economia de Campo Grande enfrenta desafios para acompanhar o dinamismo de crescimento do produto interno bruto (PIB) observado no estado de Mato Grosso do Sul.

Segundo dados das contas regionais do IBGE (2024), MS registrou uma taxa de crescimento real anual de 6,1% entre 2002 e 2021 (último dado disponível). Já a Capital apresentou um crescimento em torno de 4% no mesmo período. No intervalo de 2017 a 2021, o Estado manteve um crescimento real anual de 3%, enquanto Campo Grande sofreu uma leve retração econômica real.

Essa redução marginal foi um reflexo natural dos efeitos da pandemia. No entanto, a despeito disso, os dados indicam que, estruturalmente, a Capital tem crescido abaixo da média estadual em diferentes governos, administrações, períodos e ciclos econômicos nacionais.

Nesse contexto, o Atlas de Complexidade Econômica de Harvard 1 pode oferecer caminhos relevantes para acelerar a prosperidade econômica da Capital. Desenvolvido pela Harvard Kennedy School, o Atlas é uma ferramenta premiada de visualização de dados que permite explorar fluxos comerciais globais, acompanhar sua evolução ao longo do tempo e identificar novas oportunidades de crescimento para cada região.

Com base nas análises de complexidade econômica, as oportunidades de crescimento econômico que podem ser exploradas nos próximos anos em Campo Grande incluem os setores de: serviços de hotelaria, alimentação, eventos, shows, artes, entretenimento e recreação; serviços educacionais; indústrias financeiras e de seguros; serviços de saúde ambulatorial e hospitalar; indústria alimentícia e produtos relacionados à agroindústria; serviços de locação e leasing; indústria moveleira e produtos de madeira, vestuário, bebidas; economia criativa e setores correlacionados; bem como serviços relacionados à ciência, à tecnologia, à inovação e a consultorias especializadas.

Portanto, a adoção de políticas econômicas fornecendo infraestrutura adequada, desburocratização, regulação e incentivos voltados para esses setores e áreas correlacionadas pode ser um caminho para que Campo Grande retome um crescimento econômico mais dinâmico nos próximos anos.