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PANTANAL Pesca esportiva sofre com crise climática, mas impacto foi pequeno Em Corumbá, principal cidade para o turismo pesqueiro de Mato Grosso do Sul, 95% dos pacotes comprados de forma antecipada foram mantidos, porém, Porto Murtinho não teve a mesma sorte 15 OUT 2024 • POR Silvio de Andrade, de corumbá • 09h30
Homem pescou Pintado 'gigante' no distrito de Albuquerque   Foto:: divulgação

A pesca esportiva em Mato Grosso do Sul, que tem Corumbá como maior polo, não sofreu prejuízos com as queimadas e a crise hídrica que castigam o Pantanal.

Com exceção de Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai, onde o índice de cancelamentos de reservas foi mais significativo, em Corumbá, 95% dos pacotes comprados antecipadamente foram mantidos e o destino fechará a temporada, no dia 5 de novembro, com mais de 25 mil pescadores neste ano.

“Tivemos poucas desistências, apesar dos impactos ambientais que estamos vivendo”, afirma a empresária Joice Santana, que opera a maior frota de barcos-hotéis da região. 

“Quem veio ao Pantanal, para compensar o fogo e as baías secando, viu muitos bichos na beira dos rios. E também foi uma temporada farta de peixes, os pescadores não reclamaram”, acrescenta. 

“Para o ano que vem, esperamos que o Pantanal se recupere. A procura por reservas está crescendo”, completou Joice Santana. Mais cauteloso, o empresário Luiz Antônio Martins, que opera com hotéis e barco-hotel na região, reclama da campanha que, segundo ele, é feita por alguns setores ambientalistas, dizendo que o bioma está destruído e vai ser extinto. 

“Mesmo com essa propaganda negativa, o fogo e a seca não prejudicaram tanto o nosso turismo de pesca. Tivemos redução de grupos, agora, se não chover, 2025 será um ano muito difícil”, sinaliza.

CRISE GLOBAL

Corumbá conta com a maior estrutura fluvial para a pesca esportiva e pratica o pesque e solte. São 28 barcos-hotéis, para 12 a 80 pessoas, e 32 barcos para recreio.

O turista encontra ainda dezenas de pousadas e pesqueiros na beira dos rios Paraguai, Miranda e Paraguai-Mirim. 

A pesca embarcada oferece pacotes de até cinco dias, em que o pescador leva apenas seu equipamento de pesca: a embarcação tem ótimas acomodações, saborosa comida pantaneira, barcos a motor e guias de pesca.

“As adversidades ambientais que ocorrem com a escassez hídrica e as queimadas são questões globais, não apenas do Pantanal. Mas, pela forma como se propaga a notícia, dá a impressão de que só está ocorrendo no Pantanal”, diz o empresário Ademilson Esquivel, diretor da Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo (Acert). 

“Tivemos limitações em alguns momentos, mas o rio se manteve piscoso e estamos esperançosos de que o Pantanal voltará ao que era”, completou.

“FOI UM ANO BOM”

Dono de pesqueiro no distrito de Albuquerque (distante 70 quilômetros de Corumbá), o empresário Átilla Lelis aponta outros fatores climáticos, como as inundações no Rio Grande do Sul, pela queda no movimento de turistas este ano, em relação a temporadas anteriores.

“Em junho, por exemplo, tivemos o cancelamento de um grupo de 50 turistas do Sul. Com a fumaça das queimadas, pessoas idosas também desistiram da pesca. Mas foi um ano bom”, comenta.

Em Porto Murtinho, os efeitos ambientais foram mais impactantes para o setor. O empresário Marco Aurélio Nunes, o Marcão, da Pousada do Pescador, aponta que o número de cancelamentos de reservas foi acentuado. 

“Foi um ano regular, o rio [Paraguai] baixou muito, está difícil navegar e algumas espécies de peixes, como o pacu e o piau, sumiram”, relata. “Mas não podemos reclamar, vai dar para pagar as contas e os empregados”, diz.

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