O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, esteve no Rio de Janeiro na última segunda-feira (14), onde se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na sede da estatal, para falar sobre a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, localizada em Três Lagoas, a UFN3.
O encontro contou com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, do secretário estadual de Desenvolvimento, Jaime Verruck, e da diretora-presidente da MSGÁS, Cristiane Schmidt.
Na ocasião, foram tratadas as principais questões envolvendo a unidade e discutido um pouco do projeto, que deve ter a retomada anunciada nos próximos meses pela companhia.
Também foi feito um convite para que a presidente da estatal visite a UFN3 até até fevereiro do ano que vem, junto a sua diretoria.
"Aqui nós discutimos as questões relacionadas à UFN3, e foi importante ver que o cronograma anunciado lá atrás está mantido, seguindo todos os ritos, que é ir para o Conselho de Administração para aprovar a licitação do início das obras", destacou o governador.
Riedel ainda acrescenta que as notícias ali recebidas na visita são importantes para "avançar naquilo que é uma mudança estrutural para o Mato Grosso do Sul e para o Centro-Oeste no que diz respeito a fertilizantes". Essa foi a primeira conversa feita pessoalmente entre o Executivo de Mato Grosso do Sul com a nova presidência da Petrobras.
"Estou muito feliz que a Magda, enquanto presidente da Petrobras, tem consciência da importãncia dessa fábrica, não só para Três Lagoas e Mato Grosso do Sul, mas para todo o Brasil. O cronograma está mantido", comentou a ministra Simone Tebet.
Conforme noticiado anteriormente pelo Correio do Estado, a Petrobras pretende investir R$ 252,3 milhões no ano que vem para retomar as obras daUFN3. O valor representa 6,82% dos R$ 3,7 bilhões estimados pela estatal para colocar a unidade em pleno funcionamento, conforme dados apresentados pelo governo federal na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025.
PRODUÇÃO
Quando em pleno funcionamento, a UFN3 terá capacidade para produzir 30,4% do total de fertilizantes nitrogenados utilizados no Brasil em 2022.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), em 2022, foram importadas 7,2 milhões de toneladas de ureia. A produção anual da UFN3, quando em pleno funcionamento, será de 1,3 milhão de toneladas, ou seja, 18,3% do total importado pelo País no ano passado.
Quando levado em conta a amônia, outro fertilizante que será produzido em Três Lagoas, foram importadas 6,6 milhões de toneladas em 2022. Já a produção anual da indústria será de 0,8 milhão de toneladas, ou 12,1% do total.
Portanto, considerando os dois fertilizantes, são 30,4% desses insumos que deixariam de ser comprados no exterior.
PROCESSO
A construção da UFN3 teve início em 2011, mas as obras foram interrompidas em 2014, por conta do envolvimento de integrantes do consórcio em casos de corrupção. Naquele ponto, a construção estava com cerca de 80% das obras concluídas.
O processo para vender a UFN3 começou em 2018, que incluiu também a Araucária Nitrogenados (Ansa), localizada em Curitiba (PR). A venda conjunta tornou a concretização do negócio inviável.
Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron chegou a um acordo para adquirir a unidade, mas a crise na Bolívia impediu a finalização do negócio.
No ano seguinte, em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou uma nova oportunidade de venda. No entanto, as negociações foram retomadas somente no início de 2022, com o mesmo grupo russo.
Já em 28 de abril de 2022, a Petrobras anunciou que a venda da fábrica para o grupo Acron não havia sido concluída. Ainda em 2022, a Petrobras relançou a oferta de venda da fábrica ao mercado.
Finalmente, em 24 de janeiro de 2023, a estatal declarou o encerramento do processo de comercialização da unidade, gerando expectativas para o reinício das obras.
Colaborou: Súzan Benites
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