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prefeito de ivinhema Em operação contra o tráfico, PF toma caminhonete do "mais louco do Brasil" Apreensão ocorreu nesta terça-feira (15), mas o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro, diz que já havia vendido a Silverado avaliada em R$ 519 mil e que foram comprada de um traficante 16 OUT 2024 • POR Neri Kaspary • 11h50
Reeleito com 81,19% dos votos, Juliano Ferro está em Maceió. Nesta terça-feira a PF apreendeu a caminhonete que comprou em Janeiro  

Depois de ter a casa apreendida em meio a uma operação contra o narcotráfico internacional de drogas, agora  prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), perdeu sua caminhonete, uma Silverado avaliada em R$ 519 mil comprada no começo de 2024. 

A apreensão da casa ocorreu no dia 8 de agosto, na primeira fase da operação contra uma quadrilha de traficantes com base em Ivinhema e Angélilca. A caminhonete, por sua vez, foi apreendida nesta terça-feira (15), durante a operação Defray, que é um desdobramento da operação Lepidosiren, realizada em oito de agosto de 2024.

Juliano Ferro, que se diz o prefeito “mais louco do Brasil”, não acompanhou a apreensão, pois está passando uma temporada de sete dias nas praias de Maceió, conforme mostram publicações em suas redes sociais, onde postou passeios de helicóptero e em barco a vela, entre outras postagens. 

Somente no Instagran ele tem 768 mil seguidores. Em postagens feitas ontem (15) e nesta quarta-feira (16), não fez nenhuma referência à nova operação da Polícia Federal em Ivinhema. 

Contas pagas

A operação de agosto foi batizada de Lepidosiren em homenagem ao chefe da quadrilha que atua na região, que é conhecido como Piramboia (Lepidosiren é o nome científico do peixe piramboia). Ele conseguiu escapar, mas sua mulher foi presa.

Nesta terça-feira, o nome escolhido pela PF para batizar a operação foi “defray”, um termo inglês que tem uma série de significados, entre os quais “liquidar · pagar · satisfazer despesa”.  Ou seja, com este nome a PF deixou claro que alguém está pagando as despesas de outrem em Ivinhema.

Tanto a casa quanto a caminhonete de luxo do prefeito foram adquiridos de Luiz Carlos Honório, preso no dia 8 de agosto acusado de envolvimento com o narcotráfico. A casa, oficialmente avaliada em R$ 750 mil, foi comprada em 2021, mas até agora não havia sido definitivamente registrada em nome do prefeito e por isso foi apreendida.

A caminhonete, por sua vez, foi adquirida em janeiro deste ano, e não havia sido quitada. À PF o prefeito informou que deu um veículo Troller, de cerca de R$ 140 mil, e um cheque de R$ 380 mil, que seria liquidado agora em dezembro ou janeiro de 2025.

O dinheiro para quitar este cheque, segundo Luiz Carlos Honório, o prefeito conseguiria com a venda de rifas. Atualmente, o “mais louco do Brasil” está vendendo rifas para sortear um Landau “relíquia”. 

Oficialmente, o prefeito entrou na mira da PF porque não declarou à Justiça Eleitoral a posse de uma caminhonete Dodge Ram e da Silverado. Em seu depoimento, no começo de setembro, alegou que elas não estavam em seu nome e por isso não fez a declaração.

Nota divulgada nesta terça-feira pela PF informa que nesta segunda fase da operação foi feito o “bloqueio de bens totalizando R$ 100 milhões, pertencentes aos envolvidos”. Esta mesma nota, porém, destaca que “durante as diligências, foram identificados e apreendidos um imóvel no valor de R$ 458 mil e uma caminhonete avaliada em R$ 519 mil”. 

Ao especificar o valor da caminhonete, a PF, embora não citasse nomes, fez questão de demonstrar que se tratava do veículo que estava com o prefeito desde o começo do ano, uma vez que este valor já havia vindo a público por conta do inquérito aberto pela Justiça Eleitoral. 

Além disso, ao especificar entre os R$ 100 milhões uma casa teoricamente simples, de R$ 458 mil, a PF deu a entender que nesta terça-feira bloqueou a casa que o prefeito entregou ao traficante Luiz Carlos Honório em troca da casa na qual reside hoje com a família. 

Em seu depoimento no dia 3 de setembro, Juliano Ferro afirmou que entregou aquele imóvel por R$ 400 ou R$ 500 mil no negócio que fizera em 2021, quando ainda era vereador. No dia 8 de agosto a Justiça Federal de Ponta Porã já havia bloqueado pelo menos oito imóveis pertencentes à quadrilha, que é comandada por Pirambóia. Um deles foi a casa onde o prefeito reside. 

No último dia 6, Juliano Ferro foi releito com 81,29% dos votos válidos em Ivinhema, tendo a votação mais expressiva da história do município. O “mais louco do Brasil” teve 12.838 votos e Fábio do Canto, seu oponente, teve 2.954 votos. 

O que diz o prefeito

Nesta quarta-feira, o prefeito Juliano Ferro informou “que não houve nenhuma busca e apreensão em sua residência ou o cumprimento de qualquer mandado judicial contra sua pessoa. Ademais, desconhece qualquer medida judicial adotada contra sua pessoa em âmbito de qualquer investigação policial. Outrossim, teve conhecimento da busca e apreensão de um veículo cuja venda já havia sido efetuada, e não tem qualquer relação com o ocorrido”.

E, além de garantir que já havia vendido a Silverado, afirmou que está a “disposição da justiça, pois antes de ser prefeito tive revenda de veículos quase 20 anos e sempre comprei e vendi imóveis”. 

Questionado sobre a data da venda da caminhonete, o valor e o nome do comprador, Juliano Ferro não se manifestou mais.