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ARTIGOS Nossos mortos, nossos eternos esquecidos 21 OUT 2024 • POR Antônio Carlos Siufi Hindo, Promotor de Justiça aposentado • 07h30
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O segundo turno das eleições municipais em algumas cidades brasileiras marcham célere para o novo encontro do eleitor com as urnas. Nesse contexto, acompanhamos em algumas capitais e em outros grandes municípios do País os debates entre os candidatos aos cargos majoritários – e nenhum deles elencam em suas plataformas de governo o cuidado da sua gestão com os nossos mortos que dormem o seu sono eterno.

Nos debates os nossos jornalistas, nem sequer fazem alusão a esse tema em suas perguntas aos aspirantes.

Os nossos campos santos cuidados pelo poder público são o retrato do abandono e do descaso.

O mato sempre mostrando a sua cara e cobrindo as sepulturas que resultam violadas, os cadáveres vilipendiados, seus bens roubados e os objetos religiosos sobre a sepultura arrancados com a violência própria dos vândalos.

Daqueles que não têm medo da lei, das autoridades e da própria Justiça. Sabem que não serão importunados. Agem dessa forma porque não existe em nossos cemitérios públicos, com raríssimas exceções, uma administração eficaz e proba que cuida desses interesses.

Um desrespeito, uma afronta, um desamor sem fim, para com aqueles que ajudaram a construir durante as suas existências a nossa grandeza material e espiritual. Não era para ser assim. As famílias que têm o privilégio de sepultar os seus entes queridos nos cemitérios particulares ficam livres desses transtornos, desse pesadelo.

Logo mais à frente, vamos ter um novo confronto: o dia 2 de novembro, data e que reverenciamos os nossos mortos. Nesse período, as limpezas dos cemitérios mostram o tom da nossa repulsa e a confirmação da nossa assertiva. 

Essa limpeza tem que ser diária e sempre acompanhada da razoável competência. Os nossos entes queridos que estão sepultados nesses sítios geográficos serão sempre para todos nós os nossos pais, filhos/filhas, irmãos/irmãs, tios/tias, sobrinhos/sobrinhas, cunhados/cunhadas, netos/netas, bem como os nossos amigos e as nossas amigas com quem formamos uma grande e fiel aliança de respeito e fidelidade aos princípios morais, culturais, sociais, políticos, éticos e também cristãos.

Não queremos nada luxuoso em nossos cemitérios. Queremos algo limpo e decente para prestarmos no curso do ano civil as nossas homenagens – e não apenas no dia 2 de novembro. Nos países civilizados, os cemitérios públicos são referencias para os turistas que visitam as cidades.

Os nossos aspirantes aos cargos majoritários deveriam em seus planos de governo explanarem o que pretendem fazer por aqueles que já partiram dessa vida terrena.

Fazendo por eles, fazem com absoluta certeza e convicção por todos os seus entes queridos que seguem a sua caminhada existencial e que são detentores dos votos que tanto necessitam.

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