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EXCLUSIVO PARA ASSINANTES O Brasil tem jeito? O presente repetindo o passado? 22 OUT 2024 • POR Michel Constantino • 00h05
MIchel Constantino   Divulgação

Na coluna de hoje aproveito a provocação da economista para replicar nosso olhar sobre o país, a política, as eleições municipais e os reflexos para 2026. Nesta terça mediarei a palestra da Zeina no Sebrae MS com apoio do Correio do Estado para lançar uma discussão que fazemos semanalmente na nossa coluna.  

A frase "O Brasil tem jeito?" remete a um questionamento recorrente em discussões sobre o futuro econômico e social do país. A economista Zeina Latif é uma voz importante nesse debate, oferecendo uma visão equilibrada entre os desafios e as oportunidades que o Brasil enfrenta. Ela não descarta o potencial do país, mas sublinha que o "jeito" do Brasil depende de escolhas políticas e econômicas estruturais que podem destravar ou estagnar seu desenvolvimento.

O Brasil enfrenta uma encruzilhada. O país tem, sim, jeito, mas a solução não é simples e envolve enfrentar problemas enraizados, como a baixa produtividade, a ineficiência da máquina pública, e um sistema educacional que deixa a desejar. No entanto, existem sinais de que, com as reformas corretas e uma visão de longo prazo, o país pode superar esses obstáculos e alcançar um crescimento sustentável.

Latif destaca que o Brasil é uma economia com grande potencial, devido a suas riquezas naturais, tamanho de mercado, e diversidade produtiva. Porém, essas vantagens têm sido minadas por políticas econômicas inadequadas e uma cultura de curto-prazismo, que inibe o crescimento de longo prazo.

O problema da baixa produtividade

Um dos maiores entraves ao desenvolvimento, segundo Latif, é a baixa produtividade da economia brasileira. O Brasil investe pouco em inovação e em infraestrutura, dois pilares fundamentais para o aumento da competitividade no cenário global. A baixa produtividade é, em grande parte, consequência de um sistema educacional falho, que não prepara a mão-de-obra para os desafios de uma economia moderna.

Latif também aponta que o excesso de burocracia e a complexidade tributária travam o empreendedorismo e inibem investimentos. Esses são problemas que não podem ser resolvidos apenas com políticas monetárias ou fiscais, mas requerem uma reforma estrutural do Estado e da economia.

O papel das reformas

As reformas estruturais que criam um ambiente mais competitivo e eficiente. A reforma da Previdência e a reforma trabalhista foram passos importantes, mas não suficientes. O Brasil ainda precisa de uma reforma tributária que simplifique o sistema e diminua o custo de conformidade para empresas, além de uma reforma administrativa que torne o setor público mais eficiente.

Oportunidades em um cenário global desafiador

O cenário internacional oferece tanto desafios quanto oportunidades para o Brasil. A desaceleração do crescimento global e a fragmentação das cadeias produtivas colocam pressão sobre países emergentes, mas, ao mesmo tempo, há uma janela de oportunidade para o Brasil se destacar em setores como o agronegócio, energia renovável e tecnologia. Zeina Latif ressalta que o país tem condições de ser um protagonista na transição energética global, aproveitando seus vastos recursos em energia solar, eólica e biomassa.

Contudo, aproveitar essas oportunidades requer uma mudança de mentalidade. É preciso investir em educação, ciência e tecnologia, ao mesmo tempo em que se criam condições para um ambiente de negócios mais favorável ao empreendedorismo e à inovação.

Zeina Latif acredita que o Brasil tem jeito, mas isso depende de escolhas difíceis e da implementação de reformas estruturais. A solução não virá de medidas paliativas, mas de um esforço coletivo para modernizar a economia e enfrentar os problemas de produtividade, burocracia e educação. O futuro do país, em última instância, está nas mãos da sociedade brasileira e de sua capacidade de promover mudanças que gerem um ciclo virtuoso de crescimento.

Complementando, o cenário político e o agronegócio serão cruciais para o futuro a partir de 2026, a eleição presidencial e a força das eleições municipais irão definir vários caminhos para o Brasil.