Muito além de ser o maior exemplar encontro, o tatu-canastra capturado no Pantanal sul-mato-grossense irá favorecer o estudo da reprodução da espécie. A captura foi feita na região da Nhecolândia, em Aquidauana no Mato Grosso do Sul.
Batizado como Wolfgang, em referência ao prêmio The Wolfgang Kiessling International Prize, o gigante de 160 cm de comprimento e 36 kg passou por diversos exames.
Entre eles, está a coleta de sêmen por meio da técnica de eletroejaculação, conforme explicou ao Correio do Estado a médica veterinária e pesquisadora do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), Carolina Lobo.
“A reprodução é um processo essencial à sobrevivência de todas as espécies. Então, a ideia é estabelecer os parâmetros básicos no caso dos machos, o estudo do sêmen, como a sua morfologia e como as células se movimentam, entre outros parâmetros”, contou Carolina e completou:
“[A pesquisa] pode ajudar a entender a fisiologia da reprodução dessa espécie e, a partir disso, criar medidas de conservação para a mesma. E, talvez, futuramente, a criação de bancos de germoplasma, que seriam o armazenamento de sêmen, ócitos e outros materiais genéticos, e aplicar técnicas que já ouvimos falar, como inseminação artificial e transferência de embriões, entre outras.”
Exames
Wolfgang
A pesquisadora explicou que o tatu-canastra foi encontrado durante o monitoramento de uma fêmea chamada Stacy, que é acompanhada há alguns anos pelo Projeto Tatu-Canastra.
Equipes encontraram um buraco novo próximo à área de circulação da fêmea de tatu-canastra e, ao cavar para verificar, encontraram Wolfgang dormindo.
“Eles viram o Wolfgang dormindo, então colocaram a armadilha e assim foi realizada a captura.”
Apesar do tamanho, ainda não existem métodos que possam precisar a idade de Wolfgang com precisão; porém, estudos genéticos estão sendo realizados. A única coisa que se pode adiantar é que ele tem mais de oito anos.
“Sabemos que os animais atingem a maturidade sexual perto dos sete e até nove anos. Então, como o Wolfgang tem células espermáticas no sêmen coletado, dá para ter certeza de que ele é um animal adulto.”
Hábitos
Diferente de outros mamíferos que andam em bando, o tatu-canastra possui hábitos solitários e costuma andar sozinho.
“O único momento em que foi registrado mais de um indivíduo é quando a mãe está cuidando do filhote.”
Como vivem em áreas de difícil acesso em tocas, não existem dados relacionados à reprodução e à disputa de fêmeas, segundo explicou a especialista.
Gestação do tatu-canastra
- A gestação dura 5 meses;
- A fêmea tem um filhote por gestação;
- O filhote fica aos cuidados da mãe por 18 meses.
Monitoramento
Além de passar por diversos exames, Wolfgang está sendo monitorado por um chip com rádio transmissor VHF.
“Com isso, a gente vai receber pontos dele, onde é que ele anda ao longo do período em que está com o equipamento que possui GPS e também por câmeras trap. Como é realizada uma identificação individual de cada animal pelo padrão de manchas, como se fosse a impressão digital de cada um, a gente consegue reconhecer todas as vezes que ele passar em frente às câmeras trap instaladas no Pantanal.”
Veja vídeo da soltura
Saiba: O tatu-canastra é engenheiro do ecossistema; através da construção de suas tocas, ele dá abrigo, refúgio térmico e local de alimentação para mais de 100 espécies vertebradas da fauna sul-americana. E está entre os mamíferos brasileiros que prestam o maior número de serviços ambientais ao ecossistema.