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ADVOGADO POMBO-CORREIO Décima sentença dá mais de um século a 18 réus; penas passam de 410 anos Operação "Bloodworm", de um ano e meio atrás, desmantela laços de facção criminosa com advogados e até policial penal que manchou título "anti celular" da Gameleira em Campo Grande 24 OUT 2024 • POR Leo Ribeiro • 09h26
Em esquema do CV que levou celulares para Gameleira, 14 condenados estão presos e dois réus foragidos   Marcelo Victor/Correio do Estado

Em esquema que envolve laços de facções nacionais, com profissionais da área do direito e policiais penais em Mato Grosso do Sul, a 10ª sentença - fruto de trabalho do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) - condenou 18 réus a mais de um século de prisão, em penas totais que já passam de 410 anos. 

A Justiça trouxe a público, há cerca de uma semana, a condenação do policial penal que manchou o título "anti celular" da Gameleira I, quando a prisão após 61 condenações tinha chegado a 302 anos, 4 meses e 7 dias somados as penas dos envolvidos. 

Agora, como bem aborda o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, em nota sobre resultado dessa 10ª sentença em ação penal fruto da ação do Gaeco, entre os 18 réus condenados está mais um profissional do direito.

Vale lembrar que esse esquema mostra proporções bastante notáveis, já que, em 05 de maio de 2023, os agentes do Gaeco foram às ruas de oito municípios sul-mato-grossenses (bem como no Distrito Federal e outros três Estados) mirando o cumprimento de 92 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão. 

Entenda

Batizada de "Bloodworm", como menção a uma larva vermelha (ou verme-sangue) de mesmo nome, um verme descrito como "feroz, venenoso, desagradável, mal-humorado e facilmente provocado".

Entre os alvos: apoiadores e integrantes da organização criminosa batizada de Comando Vermelho (CV), com foco em policiais penais e advogados que supostamente agiam em serviço da facção. 

Nesse esquema, advogados e policiais penais eram corrompidos pelo CV, para facilitação de entrada de celulares na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira. 

Parte da articulação para domínio dos crimes praticados em Mato Grosso do Sul, segundo o MPMS, a quadrilha até mesmo "migrava" faccionados vindos do Mato Grosso, onde é estipulado que a facção criminosas possui grande presença entre a massa carcerária.

Além disso, através dos celulares, os "cabeças" que estavam cumprindo pena seguiam coordenando o esquema de tráfico de drogas; comércio de armas, bem como as ordens sobre roubos e demais crimes. 

"10º fruto"

A lista de advogados punidos pela operação do Gaeco sobe para cinco, já que com decisão oficializada ainda ontem (23) pela Justiça, outro profissional de direito entrou nessa relação. 

Eles são condenados pelo uso de prerrogativas agindo como verdadeiros "pombos-correios" para a quadrilha citada acima, que apesar das raízes em terras fluminenses, apresentavam planos de expansão mirando Mato Grosso do Sul. 

Entre os crimes: "organização criminosa majorada pelo uso de arma de fogo e concurso de servidor público, e associação para o tráfico, majorado pela traficância nas dependências de estabelecimento prisional".

Com isso, segundo o Ministério Público em nota, os números atualizados da "Bloodworm" sobem para: 

Conforme o MPMS, 14 condenados cumprem pena de prisão preventiva, com dois réus foragidos e, portanto, os processos em relação a esses estão suspensos. 

Ainda assim, é importante frisar que resta uma ação penal pendente de julgamento, que pode fazer com que esses números subam ainda mais. 


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