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ARTIGOS Criar um observatório internacional no Pantanal 25 OUT 2024 • POR Benedito Rodrigues da Costa, Economista • 07h45
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Em termos de preservação do santuário denominado Pantanal, mundialmente conhecido, estamos engatinhando, tal qual a fábula do beija-flor que combatia um incêndio na floresta com a água que transportava em seu minúsculo bico. Assistimos, estarrecidos, ao gigantesco incêndio que dizimou inúmeras espécies de vida animal e vegetal, muitas das quais foram extintas dada a magnitude do desastre, o qual, segundo comentários, pode ter origem em ações criminosas.

Um espetáculo dantesco que deixou a população das comunidades do entorno do Pantanal desolada, a tudo assistindo sem nada poder fazer. Nos sentimos impotentes diante de tamanha catástrofe. O coração dos pantaneiros residentes em Corumbá e Ladário era dilacerado pela total falta de estrutura para enfrentar o maior incêndio já registrado na história do nosso santuário.

Uma equipe de seis bombeiros, partindo de Corumbá em uma pequena chalana, subia o Rio Paraguai com uma missão impossível: salvar o nosso Pantanal.

Foram dias de agonia. Os heroicos bombeiros faziam o papel do beija-flor, tentando apagar um incêndio de dimensões incomensuráveis. Eles se emocionavam ao narrar o desespero de tantos animais sendo abatidos pelo implacável incêndio. O governo federal demorou muito para tomar providências, e a ajuda chegou por intermédio dos homens do Corpo de Bombeiros do Paraná. Porém, apesar da luta para combater o gigantesco incêndio, muito pouco pôde ser salvo.

Uma providência que poderia ser tomada pelo Ministério do Meio Ambiente seria a criação de um observatório dotado de equipamentos de alta tecnologia e com pessoal capacitado, envolvendo engenheiros florestais, biólogos, polícia ambiental, veterinários, bombeiros, empresários e colaboradores da pecuária. Além, é claro, de cientistas nacionais e estrangeiros, formando uma plêiade de homens e mulheres com a missão de implantar um posto de tecnologia avançada de proteção ao Pantanal.

Alguns certamente dirão: o Brasil não tem recursos orçamentários para um projeto ambicioso como esse, que mais parece um sonho. Não podemos esquecer que um sonho, para se tornar realidade, deve ser sonhado em conjunto – governo e povo. 

O mundo todo está com as suas atenções voltadas para a preservação do meio ambiente. Países reconhecidamente ricos não se negariam a patrocinar um projeto como esse, em uma região que hoje já se mostra em situação de risco.

Compete aos nossos gestores políticos envidar esforços junto ao Ministério do Meio Ambiente para dar início à elaboração de um projeto capaz de atender às necessidades da preservação do nosso santuário chamado Pantanal. A imprensa, que é sem dúvida nenhuma o quarto poder, pode entrar nessa luta para valer, assim como a sociedade organizada, por meio de suas lideranças.

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