A multidão se encontra a caminho, e à sua frente também há alguém que caminha sabendo para onde vai e para que caminha. Uns caminham em busca de algo que lhes garantam bem-estar, riqueza, felicidade.

Enquanto isso, alguém que também faz parte desses caminhantes busca algo diferente.

Está em busca de poder ver com clareza algo que questiona em suas buscas, em seus questionamentos. Não se altera em frente aos demais que também se questionam, mas com outros interesses. Talvez buscassem mais riquezas, conforto e sucesso em seus empreendimentos e em suas empresas.

Esse desconhecido se aproximou de alguém diferente. Um homem meigo, atencioso, de presença carinhosa. Sempre se aproximando mais das pessoas carentes de saúde, paz de espírito e serenidade em sua alma. A dor e a inquietude sempre ferindo sua sensibilidade.

Do fundo de sua alma ergue-se do chão, da dor mostra o tormento de sua cruz e grita bem alto para que a humanidade toda ouvisse e gritou: “Jesus, filho de Davi, tem pena de mim”. 

E o Mestre viu e ouviu esse grito de dor e, ao mesmo tempo, de esperança.

Aceitou a pergunta iluminada por uma expressão de que somente um coração que ama será capaz de pronunciar. Pois só contém o conteúdo sagrado portador de felicidade tudo quanto possa satisfazer os sentimentos mais sagrados. E a resposta foi essa: “Que queres que eu faça?”.

Aqui a razão se cala. Só falam os sentimentos. A razão não consegue preencher os vazios causados pelas limitações da inteligência. Somente uma alma acalentada pela bondade, pelo carinho e pela ternura de um Deus apaixonado por outras almas poderá satisfazer esses tão profundos anseios.

Foi então que esse vivente desabafou: “Senhor, que eu veja”. Esse diálogo tão rico em sabedoria, tão profundo em amor e tão amplo em misericórdia encontramos na Bíblia Sagrada, mais precisamente no Evangelho de Marcos (Mc. 10:46-52).

Hoje, com a sinceridade de uma alma sedenta de uma vida saudável, também estamos sendo questionados: O que você quer de Deus? Certamente, muita dessa gente continua e continuará sendo agraciado com uma privilegiada posição social e financeira. Continua e continuará fortalecendo seu patrimônio e seus ganhos.

O mundo continuará sendo usado como meio de estar nas mãos do poder político e econômico, no domínio do rei do futebol, da beleza feminina e da elegância no mundo do exibicionismo.

Ainda é tempo de olhar seu coração e tratá-lo com mansidão, bondade e humildade. 

Que bom seria se todos, tendo em seu coração sentimentos de desprendimento, fizéssemos dele uma porta para a paz. Fizéssemos dele um caminho de solidariedade.

A exemplo de Bartimeu, o cego do Evangelho de hoje, guardemos o respeito humano na gaveta de tristes lembranças e abracemos a causa de tantas pessoas, portadoras de deficiências físicas, psíquicas ou espirituais, e façamos ouvir e respeitar a voz de tantos e tantas que não conseguem se fazer ouvir. Sejamos profetas do novo reino de amor, solidariedade e paz fraterna.