A mineração de Bitcoin é uma das atividades econômicas mais promissoras na América do Sul. Está atraindo grandes investimentos e moldando o futuro energético e econômico de diversos países.
No Brasil, embora a mineração de criptomoedas enfrente algumas dificuldades devido aos altos custos de energia, o setor tem muito potencial e deve impulsionar tanto a criação de novas infraestruturas quanto soluções sustentáveis.
O cenário energético do país tem alguns obstáculos para os mineradores de criptomoedas. Com o custo da energia nas redes de distribuição convencional sendo elevado, muitas operações de mineração se mostram inviáveis financeiramente.
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o custo médio do megawatt-hora (MWh) no Brasil gira em torno de R$ 330,00.
Esse é um valor muito maior do que o pago em países vizinhos como Paraguai, onde o custo da energia é mais competitivo.
No entanto, com cada vez mais novos projetos de criptomoedas sendo lançados, as alternativas para contornar essa situação já estão sendo exploradas. Muitos dos novos lançamentos de criptomoedas tem uma preocupação energética ou ambiental atrelada ao projeto.
Uma das principais soluções encontradas pelos mineradores no Brasil é a parceria com geradores de energia privados e o uso de operações off-grid, que não dependem da infraestrutura tradicional de distribuição de energia.
Nesse modelo, empresas privadas, principalmente do setor de energia renovável, têm firmado acordos com mineradores, oferecendo energia a preços mais acessíveis.
A geração de energia a partir de biogás e biometano é uma alternativa que vem ganhando força. O Brasil, com suas inúmeras plataformas de gestão de resíduos, possui um enorme potencial para expandir a geração de biogás.
Segundo a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), o país tem capacidade para produzir até 120 milhões de metros cúbicos de biogás por dia, o que poderia abastecer diversas operações de mineração de Bitcoin de maneira sustentável.
Enquanto o Brasil busca soluções para os altos custos energéticos, o Paraguai se tornou um dos principais polos de mineração de Bitcoin na América do Sul. A abundância de energia barata, proveniente principalmente da usina hidrelétrica de Itaipu, tem atraído grandes investimentos para o país.
Empresas como Bitfarms e Penguin já anunciaram a expansão de suas operações no Paraguai, aproveitando a política energética favorável que oferece preços até três vezes mais baixos que os praticados no Brasil.
As receitas geradas pela venda de energia para os mineradores de Bitcoin superam as obtidas com a venda de eletricidade para o Brasil, De acordo com o Ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, demonstrando o impacto econômico positivo dessa atividade.
Uma das grandes oportunidades para o Brasil no setor de mineração de Bitcoin está na exploração do biometano e do biogás como fontes energéticas.
O uso desses gases, que são subprodutos de atividades agrícolas e industriais, pode viabilizar a criação de operações de mineração sustentáveis, ao mesmo tempo em que gera empregos e promove o desenvolvimento econômico local.
A ANEEL estima que a geração de energia a partir de biogás pode crescer muito nos próximos anos, com diversos projetos em andamento que visam transformar resíduos em fontes renováveis de energia.
Além disso, o Brasil conta com um grande potencial de geração de energia solar, que também pode ser explorado pelos mineradores.
Com os avanços tecnológicos e a queda nos custos de produção de painéis solares, o país tem a oportunidade de criar fazendas de mineração movidas a energia limpa, tornando-se um líder em soluções sustentáveis para o setor de criptomoedas em todo o mundo.
A Argentina também tem mostrado seu potencial na mineração de Bitcoin, especialmente em áreas como a reserva de Vaca Muerta.
Nela, o excesso de metano, proveniente das operações de petróleo e gás, é utilizado para alimentar as fazendas de mineração.
O processo de queima do metano, conhecido como flare, é uma preocupação ambiental, mas a mineração de Bitcoin oferece uma alternativa sustentável ao utilizar esse gás, transformando-o em energia para a operação de criptomoedas.
Essa iniciativa reduz o impacto ambiental da queima de gases, gera empregos e dinamiza as economias locais.