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Correio B+ Cinema B+: Ben Hur: O Épico que Mudou Hollywood Em 2024 completam 65 anos do lançamento de um dos maiores clássicos e épicos de Hollywood 2 NOV 2024 • POR Por Ana Cláudia Paixão - Colunista e crítica de cinema do Correio B+ • 13h00
Cinema B+: Ben Hur: O Épico que Mudou Hollywood   Foto: Divulgação

Poucos filmes resumem tão bem o quanto Hollywood adorava épicos como Ben Hur. O filme de William Wyler que bateu recordes e ganhou impressionantes 11 Oscars completou 65 anos em 2024 e é um dos maiores clássicos do cinema. Melhor: está disponível na MAX.

Com um custo de 15 milhões de dólares, o filme “salvou” a MGM em 1959 e influenciou grande sucessos recentes como Gladiador, para citar apenas um. Também é um dos últimos filme bíblicos que fizeram sucesso, longo (com quase 4h) e muitas cenas inesquecíveis.

Há quem acredite que a história de Ben-Hur tenha fatos e personagens reais, mas é uma obra de ficção imaginada pelo escritor Lew Wallace, um político, advogado, herói da Guerra Civil e diplomata que começou a trabalhar na história em 1876 e publicou Ben-Hur: A Tale of the Christ, em 1880m vendendo mais de 250 mil cópias.

Em seu livro, que tem forte cunho cristão, ele imagina a história do príncipe judeu Judah Ben-Hur (Charlton Heston), que vive numa Judéia ocupada por romanos com sua mãe viúva, Amrah, e sua amada irmã Tirzah. Ele tem seus negócios supervisionados por seu dedicado mordomo Simonides e sua bela filha Esther.

Quando um amigo de infância de Judah, o romano, Messala (Stephen Boyd) volta como tribuno romano, um acidente transforma as vidas de Judah e família. Ele é condenado à escravidão e jura vingança pela injustiça, passando por uma jornada de desafios e tragédias. Ao longo do caminho, ele também cruza com um carpinteiro de Nazaré que muda a vida de Judah e aqueles que ama.

Se ainda hoje misturar ficção com História é confuso e criticado, quando o livro virou best-seller houve críticas que a história de Ben Hur seria uma apropriação quase blasfema dos Evangelhos, mesmo com o enorme sucesso. Houve adaptações para rádio, cinema (em 1907 e em 1925) e teatro.
 

Versão 1959 - Reprodução internet

A versão de 1959, a que todos conhecemos mais, foi filmada em CinemaScope, uma grande novidade na época. O respeitado William Wyler (que também trabalhou em Tarde Demais) assinou a direção, escalando Charlton Heston – inicialmente imaginado para o papel de Messala – como Judah Ben-Hur (depois que Paul Newman e Marlon Brando recusaram o papel. Kirk Douglas quis o papel título, se recusou a ser Messala e decidiu que criaria seu próprio épico: Spartacus, que estreou no ano seguinte.

Gravado em Roma, contou com um novato Sergio Leone ajudando na sequência da corrida de biga, o ápice de Ben Hur. O filme quebrou recordes de bilheteria ao redor do mundo e teve bastidores repletos de drama e polêmica, como a do roteiro que deixa claro que Messala e Judah poderiam ter sido mais do que apenas amigos em algum momento.

Ben Hur foi indicado a 12 Oscars, levou 11, incluindo Filme, Ator, Diretor, Ator Coadjuvante, Trilha Sonora, Edição e outros. Um recorde que só foi igualado 40 anos depois, por Titanic. Em 2010, levaram a história para minissérie e outra no cinema, em 2016, claro, sem a mesma resposta.

No final das contas, Ben Hur é mais uma história emprestada de O Conde de Monte Cristo, pincelada com grandiosidade e religão, mas é ainda uma história sobre vingança. É um dos filmes que pode ser definido como espetacular sem que o adjetivo seja questionado: tudo é grandioso para criar um grande espetáculo.

Obviamente de todos os momentos, o ápice da vingança é também um dos eventos mais memoráveis da história do cinema, que é a violenta corrida de biga entre Judah e Messala. Brutal, tensa e extremamente bem filmada, impressiona ainda hoje, 65 anos depois.

Ben Hur é um épico espetacular de visita obrigatória para fãs da Sétima Arte, uma combinação atemporal e perfeita de técnica, emoção e visual. Claramente, insuperável!