Em Mato Grosso do Sul, 81.557 Micro e Pequenas Empresas (MPEs) estão na lista da inadimplência. De acordo com dados da Serasa Experian MS é a 16ª Unidade Federativa no ranking nacional, com o maior número de empresas com dívidas pendentes.
As Unidades Federativas (UFs) que lideraram o ranking com mais Micro e Pequenas Empresas inadimplentes foram São Paulo (2.207.002), Minas Gerais (577.519) e Rio de Janeiro (574.450).
Ainda de acordo com o levantamento, em setembro, as Micro e Pequenas Empresas inadimplentes se distribuíram da seguinte forma: 55,0% pertenciam ao setor de Serviços, 37,1% ao Comércio, 7,5% à Indústria e 0, 4% para os setores Demais, que incluem empresas dos segmentos Primário, Financeiro e Terceiro Setor.
Analisando por regiões, os dados indicam que a maior concentração de MPEs com CNPJs negativados estava no Sudeste, representando 53,3% do total, enquanto a menor paridade estava na região Norte (5,5%).
O Centro-Oeste onde está localizado Mato Grosso do Sul aparece como antepenúltimo, sendo responsável por 8,8% das empresas inadimplentes.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi e4xplica que quando a economia enfrenta desafios, como altas taxas de juros e inflação, as micro e pequenas empresas são as primeiras a sentir o impacto. “Elas possuem menos margem de manobra para absorver choques econômicos”.
O analista ainda destaca que além desse ponto o setor enfrenta dificuldades adicionais, como acesso limitado a crédito e financiamento. “Bancos e instituições financeiras tendem a ser mais cautelosos ao conceder empréstimos para esses negócios devido ao maior risco percebido. Isso cria um círculo vicioso em que a falta de acesso a capital impede o crescimento e a sustentabilidade dessas empresas, aumentando ainda mais a probabilidade de inadimplência”, analisa Rabi.
O cenário de inadimplência entre as Micro e Pequenas Empresas vem se revelando alarmante, com um total de 6,5 milhões de empresas registrando débitos no vermelho. Número que eflete os desafios enfrentados por esses pequenos negócios em um ambiente econômico adverso, marcados por altas taxas de juros e inflação.
Quando ampliado a análise para incluir empresas de todos os portes, o total de CNPJs inadimplentes sobe para 6,9 milhões, evidenciando a magnitude do problema.
A somatória das dívidas atrasadas chegou em 50,6 milhões com valor total de R$ 151,9 bilhões, sendo a média de 7,3 débitos vencidos por CNPJ. Cerca de 56,0% dos negócios no vermelho eram do setor de “Serviços”.
CPFs
Entre os consumidores a situação não está diferente uma vez que qté o sétimo mês deste ano 56.904 novos nomes foram negativados em Mato Grosso do Sul, que totaliza 1,096 milhão de inadimplentes em 2024. Dados do Mapa da Inadimplência da Serasa revelarasm que, em comparação ao último mês do ano passado, o aumento foi de quase 5,47%, superando a média nacional que registrou elevação de apenas 1,34%.
Com um total de 2.138.342 adultos economicamente ativos em Mato Grosso do Sul, mais que metade, ou 50,97%, enfrenta algum tipo de restrição, totalizando 1.096.215 de Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) negativados até julho de 2024.
Ainda de acordo com a Serasa, no comparativo anual o crescimento foi de 4,88% em relação aos 1,045 milhão de “nomes sujos” registrados em julho de 2023. Conforme o levantamento enviado ao Correio do Estado, o valor médio das dívidas por inadimplente é de R$ 5.820 enquanto o total devido no Estado chega a R$ 6,381 bilhões.
O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que a incapacidade de quitar dívidas, levando em consideração as atuais condições econômicas, se dá principalmente em decorrência da má gestão das finanças.
“Como a renda é muito baixa para empregados do setor privado e de prefeituras, a pessoa aposta que vai ganhar mais, ou não faz a sintonia financeira esperada [finanças pessoais planejadas], aumentando novamente o endividamento que resulta na inadimplência”, relata.
Pavão ainda pontua que questões estruturais, como o crescimento econômico atingindo seus limites, são potencializadas por mudanças climáticas, geopolíticas, guerras e queda na demanda.
“Com as intempéries climáticas, o agronegócio está tendo queda de lucros e, por conseguinte, não conseguem ganho de produtividade e de renda”, analisa o economista.
O doutor em Economia Michel Constantino lista os principais fatores que contribuíram para o cenário em Mato Grosso do Sul. “Estão ligados primeiramente a falta de planejamento financeiro, seguido pelo custo de vida alto, inflação, juros altos e ainda empregos chamados subempregos [sem carteira assinada], que são frágeis e não tem proteção”, elenca.
Para o mestre em economia Lucas Mikael, a expectativa é de que o cenário da inadimplência permaneça estável nos próximos meses, já que a mudança dessa realidade costuma levar tempo.
“Diversos fatores, como a instabilidade econômica e as flutuações do mercado, ainda impactam a capacidade de pagamento das famílias”, conclui.