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Meio Ambiente Nascimento de tatu-canastra é registrado após 13 anos de pesquisa no Pantanal de MS O trabalho de monitoramento do Projeto Tatu-Canastra acompanhou o nascimento do filhote, que é o quarto em um longo período de pesquisa 5 NOV 2024 • POR Laura Brasil • 15h30
Stacy e o filhote trocando de toca   Projeto Tatu-Canastra

Com o avanço da tecnologia e o monitoramento por meio de GPS, pesquisadores do Projeto Tatu-Canastra registraram o nascimento de um filhote da espécie em 13 anos de estudos no Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Este foi o quarto registro no tempo em que realizam o monitoramento e possui uma peculiaridade por ter ligação com a localização do maior tatu-canastra encontrado em região pantaneira sul-mato-grossense. 

Em agosto deste ano, a fêmea nomeada Stacy deu à luz a um filhote de tatu-canastra que causou emoção nos pesquisadores.

Após o nascimento, devido à mudança de Wolfgang, o maior tatu-canastra capturado no Pantanal sul-mato-grossense, ela e o filhote passaram por uma verdadeira saga. 

Moradia de Stacy

"Stacy vive em uma das áreas mais fascinantes e ecologicamente ricas do Pantanal, onde se estendem mosaicos de habitats com campos alagados, florestas densas, lagoas e rios temporários, além dos murundus - habitats preferidos dos tatus-canastra", explicou o Projeto.

Muito antes da descoberta de Wolfgang, em novembro de 2021, o biólogo e coordenador de campo do Projeto Tatu-Canastra no Pantanal, Gabriel Massocato, contou ao Correio do Estado como encontraram Stacy.

“Na noite de sua captura, uma tempestade intensa forçou a equipe a se abrigar até que, às 23h47, Stacy saiu da toca e foi capturada. Na manhã seguinte, passou por um procedimento para a instalação de um transmissor GPS e coleta de amostras biológicas,” relatou o pesquisador.

Reprodução

A espécie alcança maturidade para reprodução entre 7 e 9 anos, sendo que a fêmea do tatu-canastra tem apenas um filhote a cada três anos.

O nascimento do filhote de Stacy foi o quarto registro em 13 anos de pesquisa. No entanto, a aproximação de Wolfgang fez a fêmea mudar de local.

“Stacy, em um ato instintivo e corajoso, resgatou seu filhote, levando-o para uma nova toca a 1.500 metros de distância — uma distância impressionante, considerando que, normalmente, as mães não afastam seus filhotes além de 300 metros,” disse o biólogo.

Veja o registro

Apesar do esforço e da resiliência de Stacy, com cerca de oito noites sem registros fotográficos do filhote, a equipe recebeu a triste notícia de que ele havia sido predado.

Os pesquisadores acreditam que o fato ocorreu quando ele atravessava um campo aberto, onde, costumeiramente, lobinhos, jaguatiricas ou pumas têm o costume de atacar.

Diferente de outros mamíferos, a fêmea do tatu-canastra não tem o costume de carregar o filhote pela boca ou nas costas, como outros animais.

Deste modo, o deslocamento é lento, no ritmo do filhote ou, como diz o pantaneiro, “na mesma batida.”

A tarefa desempenhada por Stacy revelou um comportamento protetor, de modo que ela passou a ser conhecida como embaixadora científica da espécie na maior planície alagável do planeta.

Veja evolução do filhote de tatu-canastra:

Crédito: Pedro Busana

Hipótese para mudança de toca

O motivo da troca de toca do filhote, segundo o fundador e presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, é que, muito embora a mudança de buraco (ou toca) seja vista como natural, existe a hipótese de que Stacy tentou evitar o macho (Wolfgang).

Existe, inclusive, um registro de 2020 que descreve o padrão de atividade, em que o filhote nasce e fica 25 dias na toca; posteriormente, ocorre a troca a cada 15 dias.

“Isso é um comportamento natural, mas o que o Gabriel constatou é que, com a presença de um macho, já registramos um caso de infanticídio, que também tem duas publicações comprovando isso. Pode ser que a fêmea tenha se assustado e quis mudar de lugar por conta da aproximação de Wolfgang”, explicou o pesquisador, que atentou para a distância mais longa que ela percorreu.

Crédito: Projeto Tatu-Canastra / Stacy, a embaixadora científica da espécie

Nova toca

Stacy vive em uma nova toca que fica localizada a mais de 2 km do local onde ficava com o filhote.

“Este triste desfecho faz parte da vida natural dos tatus-canastra e reflete o equilíbrio populacional da espécie no Pantanal. Hoje, Stacy continua sendo um símbolo de resiliência e uma embaixadora científica dos tatus-canastra,” relatou Gabriel.

Observação científica

No habitat em que Stacy vive, os pesquisadores tiveram percepções extraordinárias, podendo ter maior compreensão sobre a espécie.

Isso ajuda significativamente na questão da preservação de um dos animais mais misteriosos e difíceis de monitorar no Pantanal.

Curiosidades com relação ao monitoramento:

Os pesquisadores conseguiram levantar o hábito dos animais devido ao uso de um novo sistema que consegue captar a atividade dos animais.

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