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COMÉRCIO INTERNACIONAL Exportações de MS para a China crescem 192% mesmo com desaceleração do país Segundo o Mdic, as vendas externas passaram de US$ 125 milhões, em outubro do ano passado, para US$ 367 milhões, neste ano 9 NOV 2024 • POR Evelyn Thamaris • 08h30
  Foto: Arquivo

Longe de ser afetada pela crise econômica da China, as exportações de Mato Grosso do Sul registraram aumento de 192,62% em 12 meses. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que, em outubro de 2023, o envio de produtos para o gigante asiático angariou
US$ 125,635 milhões, ante US$ 367,639 milhões no mesmo mês deste ano.

A China ainda é responsável por absorver quase metade das exportações do Estado, totalizando 47,3% das vendas externas (US$ 4,1 bilhões), seguindo como principal destino dos produtos sul-mato-grossenses no período de janeiro a outubro deste ano.

O consultor em comércio exterior Aldo Barrigosse explica que a principal compradora de commodities do Estado reduziu suas compras globais em função do baixo desempenho de sua economia, o que acentuou os desafios para o setor. 

“Além disso, a logística do minério de ferro foi severamente afetada pela seca, dificultando o escoamento pelo Rio Paraguai. A recuperação econômica global e as variações nas taxas de câmbio também desempenharam papéis cruciais nesse contexto”, destaca Barrigosse.

O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que o gigante asiático vem reduzindo sua demanda por produtos específicos, desencadeando a queda no mercado.

“Por exemplo, se cada chinês aumentar sua demanda de carne em 100 gramas, esgotará a pecuária brasileira inteira. Desta forma, qualquer redução de 100 g de carne, minério e soja afetará em igual proporção a economia brasileira e, especialmente, a de Mato Grosso do Sul”, analisa o economista.

Vale destacar que dados oficiais divulgados pelo governo chinês nos últimos meses mostram que o país cresceu 4,7% no primeiro semestre deste ano, movimento considerado o mais lento desde o primeiro trimestre do ano passado e abaixo da previsão de crescimento de 5,1%. O país asiático crescia acima de 10% até meados da década passada. 

Grande responsável pela demanda de produtos brasileiros, a China movimenta commodities como o minério (Corumbá), o farelo de soja e a soja (região do planalto do Estado) e a proteína animal (grande parte de MS), como carne bovina e outras. 

COMMODITIES

De acordo com informações do Mdic, a soja, a celulose, a carne bovina e os açúcares puxaram as exportações de Mato Grosso do Sul, e o destaque continua sendo a soja, que lidera a pauta com 32% do valor total exportado, somando US$ 2 bilhões e 6,25 milhões de toneladas.

A celulose segue como o segundo principal produto, com 24% do total exportado, atingindo US$ 2,1 bilhões. O valor exportado de celulose cresceu 79,3% em relação ao ano anterior.

Outros produtos importantes no comércio exterior de Mato Grosso do Sul incluem a carne bovina fresca, que representou 12% das exportações (US$ 1,014 milhão), e os açúcares e melaços, com 8,4% do total, somando US$ 725 milhões.

EFEITO TRUMP

Conforme adiantado pelo Correio do Estado na semana passada, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a adoção de medidas protecionistas podem ser vistas como positivas e negativas. 

No caso do viés positivo, se o país norte-americano mantiver a guerra comercial com a China, por exemplo, isso pode abrir espaço para o Brasil aumentar suas exportações de soja para o mercado chinês. 

“A China pode reduzir as compras de soja dos EUA, por conta das tarifas. Esse deslocamento de demanda pode beneficiar produtores de MS, mas é importante ressaltar que a redução dos preços das commodities em nível global pode atenuar os ganhos”, enfatiza Mikael.

O doutor em Economia Michel Constantino avalia que há uma boa expectativa com a eleição americana. 
“Com isso, a tendência é de melhorar o mercado para o agronegócio brasileiro, na venda de commodities, energia e aço, pois ele [Trump] deve taxar cada vez mais os chineses, fazendo que nossos produtos tenham maior valorização para a Ásia. Mas é preciso esperar a forma e como ele vai agir nos negócios internacionais”.

NACIONAL

No País, as exportações para a China, Hong Kong e Macau caíram 22,8% e somaram US$ 7,12 bilhões. As importações aumentaram em 46,7% e totalizaram US$ 6,74 bilhões. Assim, a balança comercial com esses parceiros comerciais apresentou superavit de US$ 0,38 bilhões e a corrente de comércio aumentou 0,3%, alcançando US$ 13,86 bilhões. Somente a exportação para o Japão acumula queda de 2,6%.

No acumulado entre janeiro e outubro deste ano, em relação a igual período de 2023, as vendas para China, Hong Kong e Macau também apresentaram redução, porém, mais tímida, com queda de 3,5%, totalizando um volume financeiro de US$ 84,74 bilhões.

Conforme o Mdic, as importações cresceram 20,4% e totalizaram US$ 53,81 bilhões. Consequentemente, neste período, a balança comercial apresentou superavit de US$ 30,92 bilhões e a corrente de comércio expandiu-se em 4,6%, somando US$ 138,55 bilhões.

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