O Pantanal, um dos maiores e mais belos santuários do planeta, carrega uma rica biodiversidade e enfrenta grandes desafios para aqueles que nele vivem e trabalham. Entre os mais antigos e resilientes ocupantes deste bioma está o pantaneiro, guardião da natureza e agente da conservação ambiental, que precisa das riquezas naturais para manter viva sua atividade econômica e, ao mesmo tempo, perpetuar sua cultura e modo de vida.
No dia 12 de novembro, Dia do Pantanal, instituído pelo governo de Mato Grosso do Sul em 2020 e já celebrado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) desde 2009, reforçamos nosso compromisso com o bioma. A data foi escolhida em homenagem ao ambientalista Francisco Anselmo de Barros, que faleceu em 2005, após um ato extremo de protesto em defesa do Pantanal. Seu sacrifício nos lembra do valor inestimável dessa terra e da necessidade urgente de proteger e valorizar a riqueza que o Pantanal representa.
Nos últimos anos, a insegurança jurídica tem sido uma barreira significativa para os que produzem no Pantanal. A cada nova regra ou proposta de restrição que surge, o pantaneiro é confrontado com um dilema: como continuar a produzir e, ao mesmo tempo, cumprir sua missão de preservador do bioma? Afinal, o produtor pantaneiro sempre soube que, sem a saúde ambiental, seu próprio sustento estaria em risco.
A pecuária sustentável, praticada há quase três séculos na região, é a prova de que a produção e a conservação podem andar lado a lado. Mas, para isso, precisamos de segurança e de reconhecimento do nosso papel.
É preciso lembrar que o Pantanal precisa de gente – e, mais do que isso, precisa de gente pantaneira. Pessoas que compreendem as nuances do bioma, que sabem manejar o gado em harmonia com a natureza, que conhecem o ciclo das águas e como sobreviver na seca, que sabem sobre a flora nativa e que, acima de tudo, têm um compromisso genuíno com a preservação deste patrimônio. São essas pessoas que fazem do Pantanal um “santuário ecológico”, um lugar onde a produção sustentável é realidade e a biodiversidade é respeitada.
Por isso, é essencial unirmos forças. Iniciativas como o programa Superação Pantanal, da Famasul, são fundamentais para apoiar os produtores afetados pelos incêndios, oferecendo alternativas para reduzir os impactos e os prejuízos. A ABPO, desde 2001, tem o papel de reconhecer e valorizar a pecuária sustentável e o pecuarista pantaneiro, garantindo que eles continuem a ser os verdadeiros guardiões do bioma, superando desafios com resiliência e compromisso.
Continuar acreditando na produção sustentável é um ato de coragem, mas também de profundo respeito pela natureza e pelo legado que deixaremos para as futuras gerações. É tempo de unirmos nossa voz em defesa do Pantanal e de sua gente, de buscarmos apoio e reconhecimento para que o pantaneiro continue cumprindo sua missão de cuidar, preservar e produzir. Afinal, o Pantanal precisa de nós – e nós precisamos do Pantanal.