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Crise sem precedentes Pedido de desculpas do Carrefour não convence agricultores, afirma Tereza Cristina Durante entrevista à GloboNews, ex-ministro da Agricultura e senadora por MS criticou as informações falsas e afirmou que um pedido de desculpas não deve ser aceito pelos produtores. 26 NOV 2024 • POR João Gabriel Vilalba • 13h01
Tereza Cristina, senadora pelo PP em Mato Grosso do Sul.   Foto: Marcelo Victor

Durante uma entrevista à GloboNews na manhã desta terça-feira (26), a ex-ministra da Agricultura e Pecuária e senadora por Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina, criticou a decisão do Carrefour de retirar as carnes comercializadas no Mercosul de seus estabelecimentos na França. A notícia, que gerou revolta entre os agricultores brasileiros, deve intensificar o boicote ao Carrefour, e o pedido de desculpas da empresa não será facilmente aceito pelo setor.

Ao ser questionado sobre sua análise da declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, o senador rechaçou as manifestações ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

"Essa campanha contra a carne brasileira, querendo dizer que nós não seguimos os protocolos, eu acho um pouco ridícula, porque a França faz o controle da entrada desta pequeníssima parcela de carne que ela compra do Brasil", disse a senadora de MS, em entrevista à Globonews. 

Um parlamentar e ex-ministro afirmaram que a França conhece os procedimentos sanitários brasileiros e destacou que os países que compram produtos do Brasil visitam o país e as fazendas para compreender o funcionamento do sistema de produção.

Ainda durante entrevista à GloboNews, Tereza Cristina destacou a preocupação dos franceses, mas ressaltou que uma declaração de desculpas de Alexandre Bompard será insuficiente e pode comprometer os laços comerciais com a França.

"Ele criou um problema para os produtos brasileiros e isso é muito sério", afirmou Tereza Cristina. Os franceses têm medo da nossa eficiência", relatou. 

Na visão da senadora, o que ocorre nos bastidores é uma tentativa da rede Carrefour de favorecer a carne francesa em detrimento da carne brasileira.

"Apesar de ser um grande fornecedor, a França ainda tem uma agricultura atrasada, que não é competitiva. Eles têm medo da nossa eficiência, da nossa agricultura e da nossa pecuária", disse Tereza Cristina. 


Carrefour se retrata de pede desculpas ao Brasil 

Após o boicote de frigoríficos de Mato Grosso do Sul e de outros estados brasileiros, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, destacou a 'grande qualidade' da carne brasileira e pediu desculpas pela declaração da empresa sobre a suspensão da compra de carnes do Mercosul. 

"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor"

No último dia 20 de novembro, Alexandre Bompard publicou em suas redes sociais um comunicado direcionado a um sindicato agrícola francês, no qual assumiu o compromisso de interrupção a venda de carne de países sul-americanos.

As declarações do CEO repercutiram níveis na agricultura brasileira, e os grandes frigoríficos nacionais passaram a boicotar o Carrefour, interrompendo a venda de carne nos seus estabelecimentos no país.

Veja a carta de Alexandre Bompard abaixo: 


Ao Excelentíssimo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil,
Senhor Carlos Fávaro,A declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. Como Diretor-Presidente do Grupo Carrefour e amigo de longa data do país, venho, respeitosamente, esclarecê-la.

O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil.

Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.

Do outro lado do Atlântico, no Brasil, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos.

O Grupo Carrefour Brasil é profundamente brasileiro, com mais de 130.000 colaboradores, se desenvolveu e continua se desenvolvendo sob minha presidência em parceria com produtores e fornecedores do Brasil, valorizando o trabalho do setor produtivo e sempre em benefício de nossos clientes. Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira. Mais amplamente, o Brasil é o país em que o Carrefour mais investiu sob minha presidência, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.

Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito as normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas.

O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor Ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros.

Aproveito a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração.

Atenciosamente,

Alexandre Bompard
Diretor-Presidente do Grupo Carrefour

 

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