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MAIS PEDÁGIO Estado quer retomar leilão da rota da celulose até abril de 2025 Governo admite fazer mudanças no edital para tentar atrair empresas interessadas em administrar 870 quilômetros de rodovias 5 DEZ 2024 • POR Neri Kaspary • 09h40
Dos quase 900 quilômetros, previsão é duplicar 116 quilômetros, mas agora o Estado admite rever as exigências colocadas no edital   Gerson Oliveira

Depois do fracasso do leilão da Rota da Celulose, que estava marcado para esta sexta-feira (6) e não teve nenhuma empresa interessada, o Governo do Estado pretende fazer “eventuais ajustes” e reapresentar o projeto para privatização de 870 quilômetros de rodovias ainda no primeiro trimestre de 2025

Estão no pacote a BR-262, de Campo Grande a Três Lagoas, a BR-267, de Nova Alvorada do Sul à divisa com São Paulo, e a MS-040, de Campo Grande a Bataguassu. As duas rodovias federais foram estadualizadas para que o Estado conduza o processo de concessão. 

E, apesar da falta de interesse, o governador Eduardo Riedel, se mostra otimista. “O Mato Grosso do Sul tem hoje um projeto de desenvolvimento consolidado e uma relevância no país, o que tem atraído inúmeros investimentos por parte de empresários que se sentem seguros em aportar seu capital no estado. Esse projeto foi muito elaborado com todo aval do governo federal, e com objetivo de garantir ainda mais competitividade aos negócios, além de comodidade e segurança aos usuários”, afirmou. 

A secretária especial do EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas), Eliane Detoni, acompanhou todo o processo e avalia que o momento do mercado foi crucial para decisão de prorrogar o leilão que estava marcado para dezembro.

“Foi um movimento natural do próprio mercado, em um cenário que não contribuiu devido taxas de juros bastante elevadas, e toda conjuntura em relação aos aspectos macroeconômicos do país, assim como a grande oferta com muitos projetos em leilão toda semana, foram quase 5 mil km de rodovias concessionadas, em investimentos na ordem de R$ 130 bilhões”, destacou.

O próximo passo agora é fazer uma nova avaliação do projeto, para entender se ele vai precisar de eventuais ajustes, com o trabalho de consulta e sondagem do mercado, tendo como objetivo colocar à disposição do mercado ainda no primeiro trimestre de 2025.

Em setembro chegou a ser anunciado o interesse da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, na concessão. O fundo, que administra mais de US$ 10,5 trilhões em ativos, teria sido sondado sondado por empresas operadoras de rodovias do Brasil e de outros países para firmar parceria. 

Conforme apurou o Correio do Estado, representante da BlackRock, teriam se reunidi com o governador Eduardo Riedel (PSDB) em São Paulo durante a apresentação da Rota da Celulose a investidores e possíveis players interessados na concessão.
Entre estes interessados, segundo o Governo, estavam grupos como a CCR, que em Mato Grosso do Sul já administra a BR-163, a espanhola Arteris (concessionária de rodovias como Fernão Dias, Régis Bittencourt e Curitiba-Florianópolis) e a Ecorodovias (concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes).

No Brasil, o fundo BlackRock é sócio de empresas como Cyrela, Usiminas, Cogna (Anhanguera Educacional), Eletrobras, Arezzo, Embraer, entre outras. 

PROJETO

O projeto original e que agora deve sofrer alterações prevê que o pedágio dos 870 deve variar de R$ 4,70 a R$ 15,20, podendo ficar até 20% mais barato. De todo o trecho, apenas 116 estão previstos para serem duplicados, no trecho entre Campo Grande e a fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, que está sendo inaugurada oficialmente nesta quinta-feira (5). 

Além disso, 457 quilômetros terão de receber acostamento, e 251 receberão terceira faixas. Conforme o edital, os investimentos, da ordem de R$ 9 bilhões, teriam de ser concluídos somente em 24 anos. A concessão seria por 30 anos.