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mudanças climáticas Estiagem histórica reduz faturamento com as exportações de MS Retração no faturamento foi de 5,6% nos primeiros 11 meses do ano e só não é bem maior por causa do aumento de 53% no valor médio da celulose 10 DEZ 2024 • POR Neri Kaspary • 10h43
Ativação da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo elevou o volume da produção de celulose em MS desde julho   Marcelo Victor

O faturamento com as exportações de Mato Grosso do Sul nos primeiros 11 meses deste ano foi 5,6% menor que em igual período do ano passado e uma das principais explicações é a estiagem sem precedentes que atinge o Estado desde setembro do ano passado e que segue travando as vendas ao exterior, principalmente de minérios. 

Dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) revelam que nos 11 primeiros meses do ano passado as vendas externas renderam US$ 9,84 bilhões de dólares, ante US$ 9,29 bilhões em igual período de 2024. 

A receita com a exportação de minério de ferro, feita principalmente a partir dos portos de Corumbá e Ladário, encolheu 31,4%, passando de US$ 327 milhões para US$ 223 milhões. O volume exportado despencou de 6,09 milhões de toneladas para 3,19 milhões. 

E a principal explicação para isso é que faltou água no Rio Paraguai. O pico da cheia, que em 2023 foi de 4,24 metros, foi de apenas 1,47 metro na régua de Ladário, uma das menores cheias da história. Além disso, o rio atingiu neste ano seu nível mais baixo dos últimos 124 anos, chegando a 69 centímetros abaixo de zero em meados de outubro. 

Depois disso o nível começou a subir e nesta terça-feira (10) amanheceu com 69 centímetros. O transporte de minérios, porém, só pode ser retomado depois que ultrapassar a marca de um metro em Ladário, o que deve acontecer em cerca de duas semanas. Mas, até atingir 1,5 metro, os comboios terão de descer o rio com apenas 70% da carga. . 

Além de prejudicar o setor de minérios, a estiagem também afetou a produção e exportação de soja. Na última safra foram colhidas 12,35 milhões de toneladas. Isso significa retração de 18%, ou 2,7 milhões de toneladas, a menos que a colheita do ano anterior, quando os protutores do Estado colheram 15 milhões de toneladas. 

E por conta disso, o faturamento com as vendas externas caiu 26%, ficando em US$ 2,83 bilhões, ante US$ 3,83 bilhões na safra anterior. A queda no volume exportado foi de quase um milhão de toneladas, passando de 7,44 milhões de toneladas para 6,54 milhões. 

Mesmo assim, a soja segue como principal produto da pauta de exportações, representando 30,5% do total vendido para outros países. No mesmo período do ano passado, porém, ela equivalia a 38% do total. 

Em seu lugar, a celulose ganhou importância. Nos primeiros meses do ano passado o faturamento representava quase 14% do total. Agora, este percentual passou para quase 25,5%. 

Além da ativação de uma nova indústria, em Ribas do Rio Pardo, elevando o volume de 3,64 para 4,14 milhões de toneladas, a principal explicação para esse aumento é a alta no preço da celulose no mercado mundial. No ano passado, o valor médio da tonelada foi de 373 dólares, ante 571 dólares neste ano, representando alta de 53% na cotação. 

E, além de afetar as exportações de soja e minérios, a estiagem também prejudicou a produção e as vendas externas de milho. Nos primeiros 11 meses do ano passado, Mato Grosso do Sul exportou 3,45 milhões de toneladas. Neste ano, o volume despencou para apenas 936 mil toneladas. 

 A queda no faturamento com esse grão caiu de 855 milhões de dólares para 204 milhões. Por conta da falta de chuvas, o milho safrinha rendeu apenas 9,2 milhões de toneladas, o que é quase 35% inferior à safrinha do ano anterior. 

E por conta disso, Mato Grosso do Sul está até comprando milho de Mato Grosso para o consumo interno, que aumentou muito nos últimos três anos, após a ativação de três indústrias de etanol de milho no Estado.