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FRONTEIRA Crise no Paraguai e na Bolívia merece atenção, afirma polícia Do lado paraguaio, o governo dispensou a ajuda dos Estados Unidos na fiscalização contra o tráfico, do lado boliviano, os policiais estão com os salários atrasados 11 DEZ 2024 • POR Daiany Albuquerque • 09h30
Fonteira de Ponta Porã com o Paraguai é uma das principais portas de entrada para as drogas   Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

A crise atual nos dois países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul, Paraguai e Bolívia, pode afetar diretamente o Estado, que tem sido um dos principais caminhos para a entrada de drogas no Brasil. Após os paraguaios dispensarem a ajuda dos Estados Unidos na fiscalização e os policiais bolivianos completarem quatro meses sem receber, a Polícia Federal (PF) avalia que a situação merece atenção.

Conforme matéria do Correio do Estado, na semana passada, o governo paraguaio informou, por meio da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad), que estava abrindo mão da ajuda direta que há anos vinha recebendo da Drug Enforcement Administration (DEA), órgão dos Estados Unidos, no combate ao narcotráfico.

Com cerca de 300 integrantes, o grupo de elite da polícia que integra a Senad tem forte presença na região de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul e, além de receber informações e treinamento da polícia dos EUA, conta com equipamentos enviados pelos norte-americanos. 

A parceria entre a Senad e a DEA foi firmada ainda durante a ditadura do ex-presidente Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai durante quase 35 anos, de agosto de 1954 até fevereiro de 1989.

Na fronteira entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, estão estabelecidas diversas organizações criminosas voltadas ao tráfico de drogas. 

Por ser fronteira seca, a região é uma das principais portas de entrada de entorpecentes no Estado, de onde a droga segue para outras regiões do Brasil.

Por isso, o monitoramento realizado pelos agentes dos Estados Unidos no país vizinho colaborava não somente com as forças de segurança locais, mas também com as de Mato Grosso do Sul.

Na outra ponta, o Estado ainda faz fronteira com a Bolívia, onde há quatro meses o governo não paga os salários dos servidores públicos, incluindo as forças de segurança. 

Em relação à Bolívia, a preocupação é com a grande quantidade de cocaína que é produzida em seu território. É de lá que vem a maior parte desse tipo de entorpecente que circula em Mato Grosso do Sul.

Por toda essa conjuntura, o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, afirmou que a situação merece atenção, porém, completou que ainda não é necessário alarde.

“Decerto que toda fragilidade da atuação estatal tende a favorecer o crime. A atuação conjunta e a permanente vigilância do Estado são imprescindíveis. Fragilidades momentâneas, a se tornarem crônicas, podem, sim, favorecer o incremento da atividade criminosa. Por isso ambos os casos merecem atenção, mas não alarde”, declarou.

“O Estado brasileiro e as instituições que compõe o sistema de justiça criminal no País estão atentas a estes problemas e mantêm constante diálogo com os vizinhos parceiros, para, juntos, atuar frente a um problema que é mundial: o crime organizado”, completou o superintendente.

D’Ângelo ainda enfatizou que o tráfico de drogas é preocupação constante para os governos brasileiro, paraguaio e boliviano.

“O tráfico de drogas pelas fronteiras brasileiras com a Bolívia e o Paraguai é constante fonte de preocupação do governo dos três países e, consequentemente, um foco da PF, que tem o dever constitucional de realizar o policiamento marítimo e aeroportuário e o controle de fronteiras, além de combater o tráfico de drogas e armas”, finalizou.

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