O sucesso estrondoso de Dallas nos anos 1980s marcou para sempre como o mundo via os texanos e o universo do petróleo nos Estados Unidos.
A terra dos cowboys, a terra dos ‘machões’ e hoje é a terra de Taylor Sheridan. O showrunner que consegue se destacar em meio à cultura feminista e inclusiva mantendo os homens alfa em destaque, mas ainda assim agradando a todos os lados, está em uma posição ímpar.
A lista de sucessos das séries e filmes de Sheridan, em “Sheridanland”, incluem as recentes Yellowstone (com seus filhotes: 1883, 1923, e Bass Reeves) e Op. Lioness, apenas para citar os mais recentes e como ele tem energia sobrando, conferi o lançamento de Landman, a nova aposta do autor. E sim: ado-rei.
Assim como todas as outras, há estrelas de peso no elenco, no caso um trio incrível liderado por Billy Bob Thorton e incluindo Jon Hamm e Demi Moore, mas também traz Ali Larter como destaque. Com uma pegada inédita e realista, a fonte de inspiração são histórias verdadeirias que saíram do podcast Boomtown, apresentado pelo jornalista americano (e texano, obvio) Christian Wallace.
Uma pegada inteligente que cobre a grande falha de Dallas, como Billy Bob ressaltou em entrevistas: Landman não é sobre os milionários atrás de uma mesa, mas mais ainda das pessoas que estão no campo, sob o sol e horas pesadas, muitas vezes colocando suas vidas em risco, como vemos no episódio de abertura.
O nome da série se refere ao papel de Billy Bob Thorton que é o faz-tudo/meio-campo/gerente do negócio de petróleo. Ele negocia a exploração do terreno, contrata e lida com os trabalhadores e responde aos ‘donos’ do negócio. Se algo dá errado – e sempre dá – é ele também que tem que resolver tudo.
Dito isso, acompanhamos o dia-a-dia de Tommy Norris (Thorton), um homem prático, empático e carismático, que é o gerente de crise do barão independente do petróleo Monty Miller (Joe Hamm). Ele resolve todos os tipos de problemas de vida ou morte no deserto implacável do oeste do Texas e podemos ficar esperando as coisas mais surpreendentes.
As primeiras 24h não são nada fáceis para Tommy. Ele lida com o avião de um traficante que pousou em uma das estradas privadas da empresa petrolífera e causou um acidente gigante, feio e letal com um trator-reboque; a estreia desastrada do filho em um acidente fatal com sua equipe; a filha adolescente com o namorado que ninguém aprova; a ex-mulher provocando briga pelo telefone… nós simpatizamos com Tommy imediatamente!
Obviamente a trama do avião vai voltar. O avião era roubado da própria empresa, mas jamais reportado e o xerife ajuda Tommy a abafar novamente o caso. Já o problema com seu filho, Cooper (Jacob Lofland) é pior. O jovem escolheu ser o “verme” — ou o membro de menor patente — de uma equipe que trabalha em torres de petróleo e infelizmente, depois de uma iniciação pesada e uma conexão com os homens, a torre na qual estão trabalhando explode e apenas Cooper sobrevive.
Além de ter que lidar com a perda dos trabalhadores, avisar às famílias das mortes, antecipar as indenizações, Tommy também tem que auxiliar nos problemas legais do acidente e para isso pede um advogado especializado em litigio, e não gosta do que recebe: a jovem arrogante Rebecca Falcone (Kayla Wallace) que parece mais do contra do que à favor do grupo que a contratou.
No meio disso tudo, por acusa da viagem de sua ex, Angela (Ali Larter), que o perturba com ligações diárias de provocações sexuais e de brigas por conta dos filhos, Tommy tem que ser babá da filha assanhada de 17 anos, Aynsley (Michelle Randolph), que gosta de andar com pouca roupa provocando todo e qualquer macho no caminho.
E há muitos. O problema de Aynsley é seu namorado, Dakota, que está louco para ter relações sexuais com a namorada. Algo que para Tommy é muito fácil resolver.
Assim, em 24h, estamos sem fôlego e preocupados com Tommy, mas mal demos os primeiros passos. Quem está sempre na cola dele é seu chefe, mas vemos que Monty também tem uma esposa atenta. Cami (Demi Moore) está sempre se cuidando ou das filhas, mas é claramente parceira atuante no negócio, não está ali à toa.
O que as entrevistas do elenco já alertaram é que há um passado entre Tommy e Monty: ambos foram landmen, mas Monty avançou enquanto Tommy faliu, essa relação de chefe/amigo será sempre tênue.
O drama engaja, há humor e mistério. Landman tem tudo para ser um grande sucesso. Eu vou acompanhar.