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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Polícia fecha cerco contra agressores de mulheres para evitar escalada de crimes Este é um mês de muitas festas com uso de bebidas alcoólicas, o que pode resultar em mais feminicídios, diz delegada 19 DEZ 2024 • POR Daiany Albuquerque e Leo Ribeiro • 09h30
Delegada da Deam e delegado-geral da Polícia Civil, em coletiva   Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado

A Polícia Civil deflagrou uma operação ontem para combater o crime de feminicídio em Mato Grosso do Sul, já que neste ano houve um pequeno aumento em relação ao ano passado. A intenção é evitar que haja uma escalada desse crime, como ocorreu em 2022, quando 44 mulheres foram mortas. Durante a ação, foram presos 23 autores – haviam mais 50 mandados de prisão em aberto em todo o Estado.

Neste ano, até o dia 17/12, foram cometidos 31 feminicídios em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Em 2023, no mesmo período, foram 29, e até o fim daquele ano o total de casos registrados chegou a 30, número inferior ao anotado neste ano, antes mesmo do fim.

Segundo a delegada titular da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Elaine Cristina Ishiki Benicasa, a operação foi deflagrada justamente pelo aumento dos feminicídios neste ano.

“O aumento se deu tão somente pelos casos de feminicídios consumados, porém, é importante dizer que houve uma queda dos crimes tentados. Em todos esses casos, o ânimo utilizado pelo autor é o animus necandi [termo em latim que significa dolo], que é a vontade de retirar a vida daquela mulher pelo simples fato de ela ser mulher”, declarou Elaine.

Dos mais de 50 homens procurados por crimes contra a mulher (feminicídios, tentativa de feminicídios, ameaça, violência doméstica, entre outros), 12 eram em Campo Grande, porém, apenas um foi encontrado.

Além disso, 33 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Estado, sendo 12 deles na Capital.

“Essa operação abrangeu todas as cidades de Mato Grosso do Sul nessa temática de violência contra a mulher”, detalhou a delegada.

O único preso em Campo Grande responde pelos crimes de violência doméstica e familiar, lesão corporal, ameaça e injúria.

“Nós entendemos que era bastante importante nós terminarmos o ano enfatizando essa temática, após a identificação desse pequeno índice de aumento. A gente sabe que o crime desse tipo está aí, e é possível que, com o consumo de bebidas alcoólicas, pode ser que isso resulte em mais casos. Então, essa operação vem no sentido de que os eventuais agressores se atentem”, declarou o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Lupérsio Degerone Lúcio.

Para a delegada titular da Deam, o trabalho da polícia, aliado com políticas públicas voltadas à educação do homem, pode colaborar para uma redução dos casos desse tipo de crime.

“O que pode ser feito é a prevenção, só que a prevenção leva tempo. O autor do feminicídio é um autor diferenciado, tanto que há ações preventivas de reeducação desse agressor. Então, talvez, ter um olhar cada vez mais apurado para esse homem e outras políticas públicas que nós temos. Às vezes pode não parecer, mas nos bastidores têm sido construídas aos poucos, para que a gente possa colher não a curto prazo, mas a médio e longo”, completou a delegada.

SAIBA

Segundo dados da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, na Capital, a elucidação dos casos de feminicídio e a prisão dos autores desse crime é de 99%, apenas um segue foragido.

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