Descontrole de gastos e alto risco guiam o dólar
Não são memes, nem supostas “fake news”. É consenso entre especialistas que os grandes responsáveis pela disparada do dólar nos últimos dias são o descontrole dos gastos públicos, o clima de incerteza provocado pela incapacidade do governo Lula (PT) de deixar clara a direção das políticas fiscais no futuro e o consequente risco provocado por esse cenário. “Não, não são os especuladores, não são os rentistas”, explica o professor de Economia Internacional do Insper Roberto Dumas.
É simples
“A coisa é absolutamente simples. Risco aumentou, o financiador, que são os poupadores, pedem mais retorno”, resumiu o professor.
Basta sinal concreto
Para Vanessa Becker, sócia da Alpes Investimentos, trará “alívio” ao mercado sinal do governo de que está preocupado em reduzir gastos.
Imprevisibilíssimo
Segundo Becker, o mercado não gosta de incertezas: “Nada deixa o mercado mais insatisfeito que não ter previsibilidade”, explicou à coluna.
Dúvida aumenta risco
Segundo o economista Ian Lopes, assessor da Valor Investimentos, há dúvida “se de fato o plano do governo será saudável para o orçamento”.
Disputa na AleMA tem STF e pedido de cassação
A baixaria na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão tem tudo para ser resolvida pelo judiciário. Enquanto a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, não decide quem leva a presidência da Casa, a briga se alastra para o Conselho de Ética, que recebeu pedido de cassação do deputado Othelino Neto, marido da senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA), suplente de Flávio Dino. O caso chegou ao Supremo pelo Solidariedade de Othelino.
Briga na esquerda
Othelino disputa o comando da Alema com Iracema Vale (PSB), apoiada pelo governador maranhense Carlos Brandão, também do PSB.
Casos e mais casos
O requerimento para cassar Othelino cita atropelamento com vítima fatal, morte de menor em motel, compra de votos, propinas... e por aí vai.
Meio bilhão
Citado em suposto esquema de extração de madeira que movimentou R$500 milhões, Othelino não respondeu aos contatos da coluna.
Falsidade é pecado
As bravatas tardias do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pedindo fim de privilégios em 2025, fazem parecer que não é dele a PEC do Quinquênio, que turbina salários de juízes e Ministério Público.
Nuvens pesadas
A expectativa de profissionais do mercado é que a inflação, os juros e o dólar crescerão em flecha, a menos que o governo faça um ajuste forte, tipo Teto de Gastos, por exemplo. Como não ocorrerá, apertem os cintos.
Rasteira em cobra
Lula conseguiu passar a perna até no experiente presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Para destravar pautas do governo, Lula chegou a prometer receber deputados, fazer política. Nunca cumpriu.
Raspam tudo
“Estão raspando até a alma dos mais pobres”, concluiu o senador Eduardo Girão (Novo-CE) após o governo Lula embolsar as moedinhas lançadas por visitantes no espelho d’água do Palácio da Alvorada.
Combine com os russos
O candidato favorito à presidência da Câmara, deputado Hugo Motta (Rep-PB) reafirmou sua intenção de priorizar projetos de infraestrutura. Bom sinal. Mas terá de driblar a má vontade do governo Lula (PT), que não dá a mínima, até resolveu taxar empresas que atuam nessa área.
Desconectado
A decisão do senador Angelo Coronel (PSD-MG) de deixar para 2025 a votação do Orçamento pegou Fernando Haddad (Fazenda) de surpresa. O ministro contava com a votação ainda este ano.
Nunca dele
Após os recordes do dólar esta semana, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) alerta: “Brasil está quebrando! Sabe quem o regime Lula vai culpar? Os memes! O Clima! Joaquin Teixeira! Só não é culpa dele ou do poste”.
Palavra do mestre
Em artigo, Ives Gandra lembrou conversa com Bernardo Cabral e Sidney Sanches à época da Constituinte, na qual discutiram poderes do STF: “Fato é que, nem mesmo nas ações diretas por inconstitucionalidade por omissão do Congresso Nacional, pode o Supremo legislar”, concluiu.
Pensando bem…
…pacote fraco é tema comum na Praça dos Três Poderes.
PODER SEM PUDOR
Loucura como herança
Grande contador de “causos”, o escritor e ex-ministro Ronaldo Costa Couto escreveu as “orelhas” do livro de Vera Brant, “JK, O reencontro com Brasília” (Record, Rio, 2002, 94 pp.). Depois de lembrar que Brant em Minas não fica doido, piora, Costa Couto contou que certa vez, em 1973, Juscelino Kubitscheck foi conhecer o apartamento da amiga, em Brasília, e se deparou com um belo carrilhão na sala. “Herança do seu avô português, Vera?”, perguntou o ex-presidente. Ela esclareceu, definitiva: “Não. Da minha família, só herdei a loucura. O resto eu mesma comprei.”