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CAMPO GRANDE Partido da prefeita corre o risco de ficar de fora da Mesa Diretora da Câmara Candidatura de Beto Avelar fiel escudeiro de Adriane pode deixar o PP, a 2ª maior bancada, sem espaço no próximo biênio 23 DEZ 2024 • POR Eduardo Miranda • 08h00
Beto Avelar (PP), líder de Adriane Lopes na Câmara, se lançou na disputa contra o grupo de Carlão (PSDB)   Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado

Segunda maior bancada da Câmara Municipal de Campo Grande, o PP – partido da prefeita Adriane Lopes – corre o risco de ficar de fora da Mesa Diretora da Casa de Leis no biênio 2025-2026. É que a candidatura de Beto Avelar, da mesma legenda de Adriane, à presidência da Câmara pode isolar a sigla na composição da Mesa Diretora, isso em caso de derrota para a ampla aliança liderada pelo vereador Papy (PSDB).

Em uma Câmara composta por 29 vereadores, o grupo de Papy tem nada menos que 23 votos consolidados para conquistar a presidência e 25 adesões à candidatura (assinaturas de vereadores que concordam com a composição de Papy na presidência). Já os vereadores do PP têm os quatro votos de sua bancada e duas possíveis adesões.

São os dois votos do Avante que estão em jogo. Nos bastidores, os vereadores Leinha e Wilson Lands não descartam votar em Papy. Formalmente, participaram de uma reunião liderada por Avelar e o marido de Adriane Lopes, o deputado estadual Lidio Lopes, para enfrentar o grupo de Papy.

Com os dois vereadores do Avante, por enquanto, o grupo constituído por Avelar e a família Lopes (Adriane e Lidio) teria seis vereadores. Avelar e os Lopes prometem oferecer cargos e vantagens na próxima gestão de Adriane, que começa no dia 1º de janeiro de 2025, porém, a proposta não vem fazendo a cabeça dos vereadores.

Em primeiro lugar, porque Papy e o seu principal articulador, o atual presidente Carlão (PSB), não estão se opondo a Adriane. Só estão pedindo, no máximo, a independência do Legislativo.

Em segundo, nos bastidores, muitos dos vereadores que poderiam ser seduzidos por cargos e outros mimos da gestão sabem que Adriane terá dias difíceis a partir do próximo ano, com um ajuste fiscal e de pessoal rondando o município. Para piorar, históricos de promessas não cumpridas no passado dificultam a expansão da candidatura de Avelar.

Ônibus cheio

Dentro do PP, o sentimento dos colegas de bancada de Avelar é de que o partido pode se dar mal caso insista no líder da prefeita. É que Papy, acompanhado de Carlão, já organizou a próxima Mesa Diretora sem o PP.

No arranjo em curso, Papy, representando os tucanos – a maior bancada eleita da Câmara para a próxima legislatura –, fica com a presidência; Carlão com a Primeira-Secretaria; o PL, que elegeu três vereadores, com a vice-presidência; o PT, com a segunda-vice-presidência ou com a Segunda-Secretaria; e assim sucessivamente.

O PP, com seus quatro vereadores e a segunda maior bancada, ficaria sobrando no arranjo e de fora da Mesa Diretora, o que poderia ser um grande prejuízo.

Há quem diga que o PP tem insistido na candidatura de Avelar de modo a tentar ocupar a vice-presidência no lugar do PL, em uma chapa de consenso. As negociações continuarão até o dia 1º.

Nos bastidores, o que se vê é uma certa indisposição de Adriane, aconselhada por seu marido, de enfrentar uma Câmara menos alinhada com a sua nova gestão.

Com Avelar, ela teria mais tranquilidade na Casa de Leis. Com Papy, por sua vez, Adriane teria de negociar mais com um grupo mais plural. Papy fala em apoiar a gestão da atual prefeita. Pudera, ele conta com apoios importantes, como o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o atual governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB).

O grupo de Papy também é diversificado: contempla parlamentares do PL, alinhados com a direita bolsonarista, e com os três deputados do PT, por exemplo, além de Marquinhos Trad (PDT), ex-prefeito de Campo Grande e responsável por lançar Adriane Lopes na política – o qual que não tem dado sinal nenhum de que poderá facilitar para ela no Legislativo.

Saiba

Com Papy

Com Beto Avelar

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