Logo Correio do Estado

SOBREVIVÊNCIA André e Simone cortejam tucanos para possível fusão A cúpula nacional do partido quer ambos atuando para convencer Riedel e Azambuja a recusarem Gilberto Kassab 10 JAN 2025 • POR Daniel Pedra • 08h00
Em MS, Azambuja, Puccinelli e Riedel já estão juntos desde as eleições municipais do ano passado   Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Os integrantes da cúpula nacional do MDB montaram uma espécie de força-tarefa nos estados para tentar driblar o PSD de Gilberto Kassab e fechar uma fusão com o PSDB de olho na sobrevivência política de ambos os partidos após as eleições gerais de 2026.

Em Mato Grosso do Sul, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o ex-governador André Puccinelli são os escolhidos pelo MDB para atuarem no convencimento do governador Eduardo Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja a fazerem os tucanos desistirem de uma possível fusão com o PSD.

O ex-presidente da República Michel Temer, o governador do Pará, Hélder Barbalho, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e outras lideranças nacionais do partido também já estão atuando junto aos tucanos para que não cogitem mais a possibilidade de unir o PSDB ao partido de Kassab.

Além de Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja, os principais nomes do MDB mantêm diálogo com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, com o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e com os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Raquel Lyra (Pernambuco).

Em entrevista ao Correio do Estado, Puccinelli declarou que é favorável à fusão do MDB com o PSDB e fará de tudo para que essa possibilidade seja concretizada, para que, unidas, ambas as siglas possam sobreviver em meio aos rigores das cláusulas de barreira impostas pela Justiça Eleitoral. 

“No fim do ano passado, estive com o ex-ministro Carlos Marun e fui informado que a negociação de uma possível fusão do MDB com o PSDB tinha voltado à pauta dos presidentes nacionais Baleia Rossi e Marconi Perillo. Além disso, há conversas para que o Cidadania e mais um partido, que poderia ser o Podemos ou Solidariedade, também fazer parte dessa fusão”, revelou.

CONVERSA AVANÇADA

O ex-governador adiantou que as conversas nesse sentido estão muito adiantadas e que procurará Riedel e Azambuja para mostrar o quão vantajosa seria essa fusão para ambos os partidos no Estado.

Sobre o fato de o MDB passar na frente do PSD pelo interesse de fazer a fusão com o PSDB, Puccinelli discordou: “Quem atravessou foi o Kassab, o MDB trata a respeito dessa fusão há muito tempo”.

A verdade, conforme ele, é que todos os partidos estão tratando dessa questão de fusão, incorporação ou federação.

“Passadas as eleições de 2026, a legenda que não tiver, pelo menos, 70 deputados federais deixará de existir. É preciso entender que, sem esse número mágico, a sigla não terá fundo partidário, não terá fundo eleitoral e nem tempo de rádio e TV”, alertou.

Na avaliação de Puccinelli, até 2030, o Brasil deve ter um máximo de 12 partidos políticos e, passados mais alguns anos, não devemos ultrapassar oito legendas.

“Atualmente, nós temos, no máximo, cinco tendências políticas: a direita, a esquerda, o centro, o centro-direita e a centro-esquerda. Não mais do que isso”, afirmou.

LIDERANÇAS

Para Baleia Rossi, a história do PSDB, que surgiu como uma dissidência do MDB, pode ter peso no momento da decisão. 

“Estamos vendo a possibilidade de incorporação. O importante é que não é um movimento isolado de um presidente, mas um diálogo amplo de várias lideranças do partido. Eu tive conversas com Aécio, com o líder Adolfo [Viana, da Câmara], com Beto Richa, com Riedel. O presidente Michel Temer conversou com Marconi. Eu também”, disse.

De acordo com integrantes do partido, porém, seria necessário ultrapassar algumas barreiras políticas locais. O MDB é muito diverso e tem desde estados mais lulistas aos mais bolsonaristas.

Essas diferenças já estão sendo calculadas por líderes do partido, que começam a trabalhar no convencimento de alguns membros, já que em vários diretórios não haverá “sintonia automática”.

O presidente do PSDB, Marconi Perillo, minimiza as disputas locais, afirma que as conversas vão seguir e que a legenda só deve tomar uma decisão em março. Integrantes do partido afirmam que a disputa está em pé de igualdade.

Assine o Correio do Estado