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LOCALIZAÇÃO Estado é responsável por 11,7% das investigações por tráfico Seis em cada 10 investigações abertas no Estado no ano passado estavam ligadas a drogas, contrabando ou descaminho 11 JAN 2025 • POR Alison Silva • 09h00
Superintendente da Polícia Federal em MS falou sobre "vocação" de MS para o tráfico e o contrabando   Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Dos 1.759 inquéritos instaurados pela Polícia Federal (PF) em Mato Grosso do Sul no último ano, 461 eram relacionados ao tráfico de drogas. Esse número representa 11,7% das investigações abertas em razão deste crime em todo o Brasil.

Nacionalmente, segundo matéria do jornal O Globo, dos 44.392 procedimentos aberto pela Polícia Federal, a maior parte era referente a crimes fazendários (19.203), seguidos por crimes ambientais (5.250). Já em relação ao tráfico de drogas são 3.913 investigações no País.

Conforme detalhamento feito pela Polícia Federal, a pedido do Correio do Estado, entre as 1.759 investigações iniciadas no ano passado, a maioria foi aberta pelos crimes de tráfico de drogas (397 processos, mais 64 por associação para o tráfico), contrabando (376) e descaminho (295).

Ao todo, esses quatro crimes representam 1.132 inquéritos, o equivalente a 64% do total de investigações abertas em Mato Grosso do Sul no ano passado. 

Em entrevista ao Correio do Estado, o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, falou sobre a atuação da corporação, além das características do que categorizou como crimes proeminentes da região.

Cabe destacar que o crime de contrabando decorre da importação ou da exportação de mercadoria proibida no Brasil, caso de cigarros e medicamentos, enquanto o descaminho corresponde às fraudes, como o não pagamento de tributos de importação, exportação e consumo.

“As características de Mato Grosso do Sul nos colocam diante da seguinte realidade, a nossa ‘vocação’ é o contrabando, o descaminho e o tráfico de drogas. Temos aqui a fronteira com a Bolívia e o Paraguai, então, é um prato cheio para [a droga] chegar. Nossa atuação pesada é aí”, frisou. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), entre janeiro e dezembro de 2024, foram apreendidas 579,432 toneladas de maconha e 17,602 toneladas de cocaína em todo o Estado, que é líder entre as 27 unidades federativas do País, à frente do Paraná, com 436,451 toneladas, e de São Paulo, com 136,241 toneladas, respectivamente, segundo e terceiro colocados na lista. 

Conforme o superintendente da PF, as características de crimes como o tráfico de drogas e o contrabando fazem com que a Polícia Federal se articule cada vez mais para frear o fluxo de drogas em todo o Estado. 

As investigações são realizadas conjuntamente com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), força-tarefa composta pela Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Judiciária Civil, a Polícia Militar e o Sistema Penitenciário. 

“Nós temos a parceria com a Ficco e esperamos que em 2025, já com esse diagnóstico, possamos trabalhar nesses crimes, mas a gente não pode negligenciar a questão ambiental, a questão indígena”, falou. 

Questionado quanto ao retorno financeiro dessas apreensões relacionadas ao descaminho e ao contrabando aos cofres do Estado, Carlos D’Ângelo afirmou que o processo é moroso, uma vez que os trâmites judiciais tardam a serem finalizados. 

“Mato Grosso do Sul, relativamente ao tráfico de drogas, foi o [estado] que mais aprendeu no ano passado. Em termos de bens e valores, nós superamos milhões e milhões de reais, mas daí a fazer isso virar dinheiro para a segurança pública é uma longa caminhada”, explicou o superintendente. 

FOGO NO PANTANAL

Do total de inquéritos abertos no ano passado, 20 eram relacionadas aos incêndios no Pantanal. Desses, apenas 5 continuam em andamento, como mostrou matéria do Correio do Estado publicada nesta semana, todos na região de Corumbá. Este número poderia ser superior, visto que 70% das investigações não resultaram em indiciamentos.

“Cerca de 70% das nossas investigações de crimes ambientais não resultaram no indiciamento de ninguém. Fomos aos locais onde os satélites indicavam a presença do fogo. Desse universo, identificamos as áreas de interesse da União e do governo federal, onde fizemos as operações e identificamos os autores dos crimes”, destacou D’Ângelo. 

Segundo o superintendente da PF, o período de incêndios serviu para reforçar as investigações sobre crimes ambientais, sobretudo os relacionados a queimadas.

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