Em Mato Grosso do Sul, mais de 73 mil pessoas entraram na lista de nomes sujos em 11 meses, é o que apontam os dados do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa.
Neste período, o Estado não apenas viu um crescimento no número de negativados, mas também registrou um aumento significativo nas dívidas, que alcançou em novembro 4.685.643 de débitos e 1.127.955 inadimplentes. O valor médio da dívida por cada inadimplente é de R$ 6,1 mil.
De acordo com informações da Serasa, as dívidas estão distribuídas entre diferentes categorias, com destaque para os Bancos e Cartões que continuam sendo o principal responsável pela inadimplência, com 28,95% até o último levantamento em MS.
Em segundo lugar está o setor de utilidades, com 16,54%, seguidos pelas financeiras, que somam 16,28%. O serviço ocupa a quarta posição, com 14,76% das dívidas. Já o varejo fica com 11,91%.
Perfil
Conforme mostra o infográfico divulgado pelo Serasa 52,2% dos inadimplentes são homens, já 47,8% são do sexo feminino. Em relação a idade, entre 41 e 60 anos somam a maior parte das dívidas, com 35%, seguidos da faixa etária de 26 e 40 anos (34,7%), acima de 60 anos (18,4%) e por último até 25 anos (11,9%).
O que é inadimplência ?
A inadimplência ocorre quando uma pessoa ou empresa deixa de cumprir uma obrigação financeira dentro do prazo estipulado para pagamento. De acordo com o Serasa, esse atraso pode gerar diversas consequências negativas tanto para o devedor quanto para a economia em geral.
Diversos fatores podem levar à inadimplência. Entre os principais estão:
- Desemprego ou redução de renda, que impactam diretamente a capacidade de pagamento;
- Despesas inesperadas, como problemas de saúde, emergências ou reparos domésticos que ultrapassam o orçamento;
- Falta de planejamento financeiro, incluindo a ausência de controle sobre gastos e a má gestão do dinheiro disponível;
- Uso inadequado do crédito, que pode resultar em dívidas difíceis de quitar;
- Aumento do custo de vida, com a alta nos preços de bens e serviços essenciais, comprometendo o equilíbrio financeiro.
Esses fatores, isolados ou combinados, contribuem para o acúmulo de dívidas, refletindo tanto na vida dos indivíduos quanto na dinâmica econômica do país.
- Consequências da inadimplência
A inadimplência impacta significativamente a vida do devedor, indo além das finanças e refletindo no dia a dia, na qualidade de vida e no bem-estar da pessoa e de sua família. A seguir, veja algumas das principais consequências que essa situação pode acarretar:
- Negativação do nome
O atraso no pagamento de contas pode levar o credor a registrar a dívida nos órgãos de proteção ao crédito, como a Serasa, resultando na negativação do CPF. Essa restrição de crédito impede o acesso a serviços financeiros, como empréstimos, cartões de crédito e financiamentos, dificultando também negociações futuras.
- Redução da pontuação de crédito
Dívidas em atraso afetam diretamente o cálculo do Serasa Score, uma pontuação que varia de 0 a 1000 e mede o risco de inadimplência. Com um peso de 33% no cálculo, as pendências registradas podem derrubar o Score e sinalizar aos bancos e empresas que conceder crédito ao devedor é arriscado.
- Dificuldade para obter crédito
A inadimplência representa um entrave para a obtenção de novos créditos, como cartões, empréstimos e financiamentos imobiliários. Aqueles que planejam adquirir um imóvel podem enfrentar barreiras para acessar o financiamento necessário.
- Dificuldade em alugar imóveis e contratar serviços básicos
Além de comprometer a compra de imóveis, as restrições financeiras também afetam quem deseja alugar uma residência. Inquilinos com histórico de inadimplência podem ter dificuldades na aprovação de contratos de locação. A contratação de serviços essenciais, como internet e telefonia, também pode ser prejudicada.
- Risco de penhora de bens e bloqueio de contas
A persistência na inadimplência pode resultar em ações judiciais que geram consequências graves, como a penhora de bens e o bloqueio de contas bancárias. Além disso, as possibilidades de negociação tornam-se limitadas, ampliando o impacto financeiro.
- Impacto na saúde emocional e física
A inadimplência não afeta apenas o bolso, mas também a saúde mental e física do devedor. Estresse, ansiedade e perda da qualidade de vida estão entre os problemas enfrentados. Pesquisas confirmam essa relação direta entre dificuldades financeiras e bem-estar.
Segundo o estudo Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro, realizado pelo Instituto Opinion Box em parceria com a Serasa, os números são alarmantes:
- 83% dos endividados têm dificuldade para dormir;
- 78% apresentam pensamentos negativos;
- 74% enfrentam problemas de concentração em tarefas cotidianas;
- 61% relatam crises de ansiedade ao pensar nas dívidas;
- 53% sentem tristeza e medo do futuro;
- 51% dizem ter vergonha da condição de endividado.
Esses dados destacam que a inadimplência é um problema complexo, com reflexos que vão além da esfera econômica, atingindo também a saúde e a qualidade de vida do indivíduo.