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DOURADOS Atriz global indígena denuncia falta d'água após promessa de 'super poços' Há cerca de três meses os moradores das aldeias Jaguapiru e Bororó bloqueavam rodovias e eram movidos pelo Batalhão de Choque antes de acordo com Ministério Federal, que indica não ter solucionado o desabastecimento 12 MAR 2025 • POR Leo Ribeiro • 10h44
Através das redes sociais, ela conta da sua visita ao município, longe cerca de 231 km da Capital de Mato Grosso do Sul do Sul, feita ainda durante o feriado de carnaval
Através das redes sociais, ela conta da sua visita ao município, longe cerca de 231 km da Capital de Mato Grosso do Sul do Sul, feita ainda durante o feriado de carnaval   Reprodução/Redes sociais

Passado cerca de três meses da promessa de "super poços", para resolver o desabastecimento de água enfrentado há décadas por moradores das aldeias Jaguapiru e Bororó, os povos originários da região de Dourados no Mato Grosso do Sul seguem sem esse item básico como bem denuncia a atriz indígena global, Dandara Queiroz. 

Descendente tupi-guarani, Dandara fez sua estreia na televisão com a personagem Benvinda, da novela das seis "No Rancho Fundo", além de dar vida à Núbia no longa-metragem "Maníaco do Parque” que é dirigido por Mauricio Eça, entre outros papéis.

Através das redes sociais, ela conta da sua visita ao município, longe cerca de 231 km da Capital de Mato Grosso do Sul do Sul, feita ainda durante o feriado de carnaval, em função de projetos artísticos. 

 
 
 
 
 
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"Sempre que eu vou para as comunidades, vocês veem que eu posto fotos maravilhosas, vídeos lindos, mas dessa vez vai ser um pouco diferente, por uma questão de necessidade, por uma questão de desespero", começa Dandara em relato. 

A partir daí, ela conta que a população de quase 20 mil indígenas da região estava sem água, que é fornecida semanalmente em caminhão-pipa, que segundo Dandara não fez o abastecimento durante o feriado e deixou moradores por cerca de duas semanas sem água. 

"É muito triste, é desesperador. Eu estive lá, vivi essa realidade, são crianças, idosos e pessoas de todas as idades. O açude que tem lá próximo, onde eles também pegam água... é completamente poluído por agrotóxicos das fazendas que tem em volta. Como eles vão consumir essa água?", questiona a atriz.

Promessa de "super poços"

Em 27 de novembro do ano passado, pela liberação imediata de R$ 2 milhões para super poços na Reserva Indígena de Dourados, como bem acompanhou o Correio do Estado, os povos das aldeias Jaguapiru e Bororó pareciam vislumbrar o encaminhamento para o fim de um problema de décadas. 

Já na manhã de 25 de novembro, longe exatamente um mês para o Natal o primeiro bloqueio indígena começou a tomar forma na rodovia MS-156, com povos originários da região de Dourados movidos pelo medo do risco de ficarem sem água para as festividades. 

Com emprego das forças de segurança por parte do Governo do Estado como forma de solução, o Batalhão de Choque foi acionado quando o bloqueio em protesto já completava cerca de 48 horas em três pontos da rodovia:

Não demorou para que as imagens da atuação do Choque na região começasse a tomar as redes, com vídeos que mostram uma dezena de policiais perfilados com escudos, enquanto quatro agentes, que estavam completamente paramentados, tentam imobilizar um indígena e outro realiza disparos contra as mulheres que tentavam conter a onda de violência. Confira: 

O Governo do Estado chegou a propor a oferta, paliativa, de dois litros de água por indígena para tentar desobstruir os pontos da rodovia , antes do Ministério dos Povos Indígenas apontar a liberação dos dois milhões. 

"A resistência já é uma luta difícil. A gente luta pela terra, contra intolerância religiosa, contra abuso, fome...  contra água não dá. Água é o mínimo e não tá tendo, não tem", conclui a atriz. 

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