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ARTIGOS Os efeitos positivos para o Brasil das disputas tarifárias entre EUA e China 18 MAR 2025 • POR Lucas Moreira Gonçalves - Advogado especialista em mercado de capitais • 07h30

As disputas tarifárias entre China e Estados Unidos (EUA), intensificadas pelas recentes sanções impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, à China e, inclusive, ao Brasil, têm gerado impactos significativos ao comércio internacional, especialmente em setores como o de alumínio e aço. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que alguns setores são impactados, outras oportunidades podem se abrir para o Brasil, especialmente nos mercados de commodities e do agronegócio.

O contexto dessas disputas tarifárias é complexo e multifacetado. As sobretaxas impostas pelos EUA sob a justificativa de proteger sua indústria interna têm gerado reações imediatas da China, que também adotou medidas retaliatórias. Segmentos como o de alumínio, aço, tecnologia e produtos agrícolas estão entre os mais afetados. Essa guerra comercial provoca incertezas nos mercados globais, mas, ao mesmo tempo, cria brechas que países como o Brasil podem explorar.

Trata-se de uma oportunidade única para o Brasil ampliar a presença em mercados onde anteriormente havia forte domínio dos EUA ou da China. O setor de commodities, por exemplo, pode se beneficiar ao suprir a demanda de países que buscam diversificar suas fontes de importação. A China já aumentou as importações de soja e carne bovina brasileiras, enquanto os EUA, enfrentando tarifas sobre produtos agrícolas, também busca fornecedores alternativos de minério de ferro e celulose.

Além disso, o mercado de capitais brasileiro pode atrair investidores que buscam economias com posição diplomática neutra em meio a esse cenário de tensões comerciais internacionais. Países europeus, como Alemanha e França, inclusive têm mostrado interesse em diversificar suas cadeias de suprimentos, o que pode abrir portas para o Brasil em setores como o de tecnologia verde e energia renovável.

Posição estratégica do Brasil no cenário internacional: o Brasil, com sua economia aberta e liberal, está em uma posição única para se beneficiar dessas tensões comerciais, mantendo uma diplomacia neutra e aberta para negociar tanto com empresas americanas quanto chinesas.

Um aspecto a destacar é que, enquanto a política de Trump, com o suporte das ideias defendidas por Scott Bessent – ex-chefe de investimentos da Soros Fund Management e um dos conselheiros econômicos mais influentes de Trump – busca proteger a economia americana, o Brasil segue na direção oposta, promovendo abertura e colaboração internacional.

Bessent também reconhece o valor dos mercados emergentes como o Brasil, que oferecem estabilidade e oportunidades de crescimento sustentável. Isso abre portas para o País se posicionar como um parceiro estratégico, tanto para investidores americanos quanto chineses, aproveitando a neutralidade que oferecemos.

Nesse cenário, o Brasil pode explorar diversas oportunidades, tais como atrair investidores chineses e até americanos que buscam estabilidade e retorno, diante da neutralidade diplomática e da segurança jurídica garantidas pelo País. O interesse também parte de países da União Europeia, que desejam estreitar laços comerciais com o Brasil para diversificar suas cadeias de suprimentos.

Além disso, as tensões comerciais podem impulsionar a demanda por ativos do mercado brasileiro de capitais, criando espaço para o crescimento de novos produtos financeiros e a maior participação de empresas brasileiras em bolsas internacionais, como a Bolsa de Nova York e a Bolsa de Frankfurt.

Outra oportunidade é a diversificação de parcerias comerciais com países como Índia, Vietnã e Indonésia, que buscam fornecedores alternativos de alimentos e commodities, o que pode fortalecer a posição do Brasil como um hub logístico e financeiro na América Latina.

Portanto, com parcerias e relações comerciais assertivas, apoiadas também por assessoria jurídica especializada, é possível aproveitar ao máximo o potencial do Brasil como um intermediário estratégico nessas disputas comerciais.