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CAMPO GRANDE Chuva intensa "varre" vias do sul da cidade e rompe barragem Em aproximadamente duas horas e meia, choveu mais da metade do volume esperado para este mês; barragem do Lago do Amor rompeu pela terceira vez 19 MAR 2025 • POR Eduardo Miranda • 09h30
Barragem do Lago do Amor teve seu terceiro rompimento ontem no período de dois anos
Barragem do Lago do Amor teve seu terceiro rompimento ontem no período de dois anos   Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

Uma chuva intensa, com volume de até 70 milímetros em algumas regiões de Campo Grande e com duração de duas horas e meia, foi o bastante para causar transtornos à população e prejudicar a infraestrutura da capital de Mato Grosso do Sul. 

Avenidas como a Guaicurus, no Universitário, e a Campestre, no Aero Rancho – um dos bairros mais populosos da cidade –, viraram rios. Carros e motocicletas foram levados pela forte enxurrada.

Além dos danos e transtornos momentâneos, a Secretaria de Infraestruturas e Obras Públicas (Sisep) de Campo Grande ficou com mais um problema, entre muitos, para ser resolvido na cidade: a barragem do Lago do Amor, nas proximidades da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) voltou a ceder, desfazendo todo o trabalho de uma obra emergencial concluída há aproximadamente um ano.

Não houve feridos quando parte da barragem foi levada pela enxurrada no Lago do Amor e escoada ao longo do Córrego Bandeira, o principal curso d’água da região, e que ficou “nervoso” com o alto volume.

Apesar dos danos concentrados na região Bandeira e na grande Aero Rancho, no sul da cidade, a chuva da tarde de ontem foi intensa em toda a cidade. O maior volume de água foi registrado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em sua estação localizada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Universitário.

Lá, a chuva foi de 70,8 mm em um período de duas horas e meia, e um volume de 40,2 mm foi verificado somente na primeira hora da chuva. Isso explica não apenas o rompimento da barragem do Lago do Amor, mas os carros e motocicletas ilhados pela forte enxurrada, além do transbordamento dos córregos da região.

Na região oeste da cidade, muita chuva também. A estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) verificou um volume igualmente alto: 63,8 mm, sendo 41,2 mm na primeira hora.
Mais próximo à região central, outra estação do Cemaden, instalada no Bairro Santa Dorotheia, registrou 44,8 mm nas mesmas duas horas e meia.

Os 70 mm – volume máximo registrado ontem – equivale a praticamente metade dos 150 mm que o Inmet previa para Campo Grande neste mês.

O Correio do Estado procurou a Sisep, sobre o rompimento da barragem do Lago do Amor. A resposta obtida foi de que uma vistoria será realizada hoje, e só depois da inspeção será definido o que precisará ser feito.

OS ROMPIMENTOS

Em 2023, a barragem do Lago do Amor teve dois rompimentos. Um deles, depois que a obra emergencial foi realizada. O trabalho após o primeiro rompimento, ocorrido em março daquele ano, até a conclusão, no ano seguinte, custou R$ 3,8 milhões ao município.

A empreiteira CCO, que executou a obra, pertencia, na época, a um homem que foi tratorista da empresa. Ela havia trocado de dono pouco antes de topar a empreitada emergencial.

Na época, Francisco de Assis Cassundé deixou a empreiteira para assumir um cargo na Agência Estadual de Infraestrutura (Agesul), quando o secretário de Infraestrutura era o ex-prefeito de Ponta Porã 
Hélio Peluffo. A cidade é a mesma de origem da CCO.

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