Logo Correio do Estado

DEMORA Após consumir milhões, trecho de avenida "volta a ser fazenda" Cerca de arame farpado impede acesso à parte final da Avenida Alto da Serra, na região das Moreninhas, asfaltada há cerca de um ano 22 MAR 2025 • POR Neri Kaspary • 12h30
Além da cerca de arame farpado improvisada no local, o Governo do Estado instalou placa informando que é proibido usar a via
Além da cerca de arame farpado improvisada no local, o Governo do Estado instalou placa informando que é proibido usar a via  

Depois de consumir boa parte dos R$ 53,24 milhões investidos pelo Governo do Estado na avenida que tem como objetivo principal a abertura de um novo acesso da região central de Campo Grande às Moreninhas, a parte final da asfaltada Avenida Alto da Serra “voltou a ser fazenda”, na região sul da Capital. 

Além das fezes e da terra deixados pelos bovinos no meio do asfalto feito há quase um ano, uma cerca e um precário portão de arame farpado, daqueles que ficam presos no pé e no alto com uma argola de arame liso, impedindo o acesso são as evidências de que os cerca de 400 metros finais da avenida voltaram a ser fazenda, como eram antes da obra. 

Além dos tradicionais postes de madeira, instalados somente no canteiro central da avenida, a cerca que impede o acesso ao trecho final da via é composta por uma série de manilhas de concreto, às quais foi amarrado o arame farpado. 

Além disso, o Governo do Estado, responsável pela obra iniciada em final de 2022 e prevista para ser concluída em julho de 2024,  instalou uma placa informando que o acesso é proibido.

Moradores da região informaram que o local havia se transformado em palco de descarte de lixo e de manobras radicais de motociclistas. Por conta disso, acreditam, o acesso foi vetado. 

A evenida interditada é a primeira parte de um amplo projeto que pretende desafogar o tráfego em algumas das principais vias da região sul de Campo Grande, como Costa e Silva Guri Marques e Avenida Guaicurus e até Avenida Zahran.

Manilhas de concreto substituem os tradicionais postes utilizados em cercas de arame farpado usados em fazendas

Depois de concluída, a Avenida Alto da Serra será uma espécie de continuação da Avenida Rita Vieira, que atualmente acaba na Guaicurus. Por enquanto, porém, ela acaba no meio de uma pastagem. 

O trecho final da obra, que está interditado, está concluído faz mais de meio ano e por enquanto não existe nenhuma previsão para que a segunda etapa da obra seja iniciada. 

SEM PREVISÃO

Em nota, a Agesul deu uma explicação para a demora em iniciar a segunda etapa: “Ainda aguardamos a conclusão das desapropriações, que são de responsabilidade da Prefeitura de Campo Grande, para dar sequência à segunda etapa das obras”.

Quando do lançamento da primeira fase, inicialmente contratada por R$ 41,3 milhões, foi anunciado investimento de R$ 32 milhões na segunda parte, prevendo pavimentação, drenagem, construção de ponte e instalação de ciclovia.

Em janeiro de 2023 a Agesul chegou a abrir licitação para contratação de uma empreiteira. Contudo, os trâmites foram interrompidos e a promessa feita no final de julho de 2024 era de que uma nova licitação estava prestes a ser divulgada. Até agora, porém, ela não foi anunciada.

Também em janeiro de 2023 a prefeitura de Campo Grande desapropriou 52 imóveis para permitir a implantação da nova avenida. As indenizações, porém, somente começaram depois que alguns proprietários recorreram à Justiça e até agora não foram concluídas. Juntas, elas somam pouco mais de R$ 10,5 milhões e até este valor a administração estadiaç está bancando. 

Por enquanto, a nova avenida está ligando a região das Moreninhas a uma pastagem protegida por uma cerca de arame na qual está afixada uma placa informando que na região é proibido caçar, pescar, nadar, desmatar, jogar lixo e fazer fogo, por ser uma Área de Preservação Permanente (APP).

A nova avenida termina logo depois do córrego Lageado, que recebeu uma grande ponte e para o qual foi direcionada a gigantesca estrutura de drenagem da água da chuva instalada na região.