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Política Nunca é tarde para recomeçar Nunca é tarde para recomeçar 26 JAN 2010 • POR MICHELLE ROSSI • 06h57

Com lágrimas nos olhos, a aposentada Dalva da Silva Eiras, 72 anos, se emociona ao falar sobre sua volta à escola. Desde o início deste mês, ela e o filho de 20 anos estão na mesma sala de aula com o objetivo de terminar o ensino médio. Assim como Dalva, muita gente que passou pelo período escolar na adolescência, sem concluir os estudos, retoma a rotina da sala de aula e engrossa o discurso de que nunca é tarde demais para recomeçar. “Antigamente a escola tinha um ensino muito puxado, a gente aprendia e guardava tudo na cabeça. Depois de tanto tempo parada, quando voltei a estudar, comecei a me lembrar das coisas”, compara Dalva, que deixou os estudos no ensino fundamental, quando adolescente, e retoma agora, depois dos 70 anos. Mas o objetivo da aposentada vai além de se atualizar e exercitar a mente. Ela quer ser um exemplo para o filho de 20 anos, que ainda não concluiu o ensino médio. Agora, mãe e filho vão para a sala de aula juntos e fazem tarefas em casa todos os dias. “Meu filho estava muito desanimado, não queria saber de estudar, de fazer nada. Achei que entrando na escola com ele poderia incentivá-lo mais e acompanhar sua rotina na escola”, aponta Dalva, que é casada e tem mais um filho. Parece que a estratégia está dando certo. O filho está se dedicando-se mais aos estudos, enquanto a mãe relembra conteúdos e constroi uma teia de conhecimentos cada vez maior. “Achei que fosse ser mais difícil, mas com dedicação nada é impossível nesta vida”, declara. Volta por cima Aos 50 anos, Irene Borges Riquelme finalizará o ensino médio em 2011, quando pretende prestar vestibular. “Sempre vi as oportunidades passando pela minha vida porque eu não tinha formação acadêmica. Perdi várias chances e, no ano passado, decidi que isso não ia acontecer mais comigo. Numa manhã, depois de acordar e tomar um café, liguei para algumas escolas, peguei informações e fui fazer a minha matrícula”, conta Irene, divorciada, com dois filhos e um neto. Decidida a retomar os estudos, a jovem senhora nunca viu a idade como problema e sim a falta de vontade. “Estava em casa quase entrando em depressão já, sem estímulo para fazer as coisas. Acho que a gente mesmo tem de dar a reviravolta, independente da idade. Falta informação para as pessoas de que é possível, sim, voltar à sala de aula, mudar a vida”. Irene prestará vestibular para Comunicação Social, na área de jornalismo – pois já foi locutra de rádio – ou fará o curso de Teologia para ajudar a instruir espiritualmente as pessoas. “A minha vida está com mais alegria porque, ao voltar à escola, passei a projetar minha vida profissional, além de fazer vários amigos na sala”, diz Irene.