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Quem sou eu? Quem sou eu? 3 JUL 2010 • POR • 00h00

Todo o ser humano almeja descobrir sua verdadeira identidade. Almeja não só descobrir, mas principalmente desenvolver e influenciar com sua presença os mais diferentes ambientes e os mais diversos acontecimentos. Não fica bem sentir-se anônimo. É bem melhor sentir-se importante e perceber-se valorizado e respeitado. Melhor ainda quando sentir que sua presença influencia e até transforma o modo de pensar e de agir dos demais.
O Mestre dos mestres também quis averiguar entre seus seguidores qual seria o conceito que alimentavam a seu respeito. Foi então que Pedro, assumindo a responsabilidade de sua posição em nome dos demais, declara com todo o respeito e convicção em seu coração: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt.16,16)
Não terá sido muito fácil proferir esse conceito. Muitos fatos ocorreram anteriormente. Muitos momentos de inquietude terão perturbado sua mente.  Muita atenção já havia prestado aos ensinamentos, às atitudes e às obras realizadas por seu Mestre. E essa declaração aflorou com toda a convicção de quem estaria à procura de alguém que tivesse como lhe proporcionar segurança e firmeza em sua fé.
Se em nossos dias esse mesmo Mestre Jesus fizesse a mesma pergunta: “Quem sou eu?” certamente a resposta seria a mesma, ou próxima como a de Pedro. Mas não seria uma resposta pessoal. Seria apenas uma resposta que já faz parte de uma tradição cristã.
É bem mais fácil responder o que outros já responderam do que elaborar pessoalmente, não apenas um conceito, mas um compromisso baseado na verdade e num ato de fé amadurecida.
E principalmente está difícil elaborar uma convicção firme e sólida de fazer-se profeta e apóstolo a partir de uma profissão de fé como esta. Pois ser profeta exige denunciar todo o tipo de mal, como seja: combater as injustiças, a corrupção, a hipocrisia e tantos outros crimes que massacram a dignidade de tantos seres humanos. É mostrar que existem caminhos efetivamente seguros e felizes desde que haja todo o respeito com as fraquezas humanas e todo o empenho em criar um mundo solidário e fraterno.
É preciso ser também apóstolo. Apóstolo é aquela pessoa disposta a testemunhar sua fé através de atitudes corajosas em abrir as mentes que ainda não conseguem perceber a riqueza e a importância da palavra de Deus.
Ser apóstolo não é necessariamente andar pelo mundo como pregador, ou como missionário. Ser apóstolo é ser presença de fé, de confiança e de esperança no ambiente mesmo em que esteja convivendo e atuando. É levar conforto e nova vida a tantos corações atribulados pela dor, ou pelo medo, ou pela insegurança. É levar alívio a tantas pessoas martirizadas pela angústia ou pela depressão.
Ser apóstolo é assumir a causa dos empobrecidos e defendê-los contra os lobos vorazes que se aproveitam do momento político para mais uma vez enganá-los e devorá-los.
É profundamente desafiante ser profeta e apóstolo neste mundo marcado pelo ateísmo e pelo materialismo e provar que Deus existe e ama cada criatura sua.

Frei Venildo Trevizan