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Economia Falta de armazéns pode elevar custo para os produtores Falta de armazéns pode elevar custo para os produtores 26 JAN 2010 • POR ADRIANA MOLINA • 07h31

A crise da armazenagem pode aumentar os custos de escoamento da safra para os produtores rurais de Mato Grosso do Sul. Caso não sejam disponibilizados os armazéns da Cooperativa Agrícola do Estado (Cooagri), que está em processo de liquidação e somam cerca de 450 mil toneladas de capacidade estática, os agricultores correm o risco de ter que pagar mais caro para levar a carga até locais de estocagem mais distantes de suas propriedades. “Em Dourados – um dos principais produtores do Estado e que possui armazéns da Cooagri parados, os agricultores que não venderem a produção, terão que estocar em Caarapó, por exemplo. Isso vai encarecer demais o frete”, explica o superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sérgio Rios. Ele acredita que não deve faltar espaço para safra 2009/2010 por conta da venda antecipada, hoje estimada entre 18% e 20% da produção, e da transferência de milho da safra passada para São Paulo, já confirmada. Mas, caso não ocorra mesmo o arrendamento da Cooagri, os produtores terão que se desdobrar para encontrar espaço no Estado. Eles correm o risco, ainda, de ter que armazenar a produção dividida em partes, em vários armazéns de Mato Grosso do Sul. Cooagri De acordo com Rios, o arrendamento da Cooagri só poderá ser confirmado por decisão judicial depois do dia 8 de fevereiro. Segundo ele, o juiz que cuida do processo de liquidação da cooperativa está de férias e somente após seu retorno é que a estrutura de estocagem da Cooagri poderá ser pleiteada como solução para falta de armazéns nesta safra. “Ainda não temos nenhuma posição em relação a essa medida. Só depois dessa data é que poderemos pedir a liberação dos armazéns para atender à safra 2009/2010, especialmente a soja precoce, que já começou a ser colhida em alguns municípios do Estado”, disse. A última movimentação judicial do processo que consta no site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul é do dia 18 de dezembro de 2009. As dívidas da Cooagri somam R$ 241,8 milhões. O total dos bens, por sua vez, corresponde a R$ 90 milhões. Entre os ativos mais importantes da cooperativa estão 18 armazéns, espalhados pelo sul do Estado. Conquista Já foram conseguidos, junto ao Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cerca de R$ 17,5 milhões, necessários para fazer o frete de quase 130 mil toneladas de milho – hoje estocadas em armazéns do Estado – até a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O local será alugado e já confirmou possuir disponibilidade para receber entre 130 e 150 mil toneladas do grão. O recurso virá do orçamento da União, liberado após a segunda quinzena de fevereiro. A operacionalização dos armazéns da Cooagri, que possuem capacidade estática de 450 mil toneladas, mais o envio das 130 mil toneladas para a Ceagesp e a comercialização antecipada da safra, que hoje está em torno de 19 %, resultaria num montante ainda a estocar de 6,3 milhões de toneladas da safra 2009/2010 – contra 6,8 milhões da capacidade atual –, resolvendo o problema.