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Política No país do espelho No país do espelho 15 JUL 2010 • POR • 07h23

 Mariana Trigo, TV Press

Na pele da serelepe Leninha, em “Escrito nas estrelas”, Maria Clara Mattos está irreconhecível. Tranquila e serena ao avaliar sua carreira de 16 anos na tevê, esta atriz carioca ainda não havia vivido um tipo tão espevitado e preocupado com a estética como a divertida “personal beauty” da trama das seis. Tanto que, para mergulhar no nicho de tratamentos de beleza, massagens mirabolantes, salões de cabeleireiros, manicures e uma infinidade de práticas estéticas, Maria Clara teve de passar dias conversando com profissionais da área e acompanhando diversos tratamentos. Tudo para se familiarizar com esse universo de beleza que se transforma em obsessão e futilidade para muitas mulheres. “Claro que também frequento esse mundinho de mulherzinha, como fazer unha, cabelo e até faço massagens terapêuticas e estéticas. Mas a Leninha é radicalmente diferente de mim”, compara.

Além de se preocupar com o visual e fazer disso sua profissão, a personagem denuncia uma ingenuidade exacerbada em suas cenas. Na trama, Leninha é completamente apaixonada pelo sórdido vilão Gilmar, de Alexandre Nero, e não consegue enxergar as armações cada vez mais evidentes do crápula. “Se ele disser que vai trabalhar às onze e meia da noite, ela vai achar normal. Ela acredita em todo mundo, mas não é nada burra”, observa.
No entanto, a personagem deve dar uma virada nesta reta final da história que termina em setembro. Além de mudar totalmente o visual de Viviane, da protagonista interpretada por Nathália Dill, que é a melhor amiga de Leninha, o papel de Maria Clara deve se destacar em cenas que mostram cada vez mais cumplicidade com a mocinha da história. “Gostaria também que a personagem tivesse um reconhecimento profissional e abrisse um salão”, torce Maria Clara, que até hoje lembra com um certo saudosismo o início de sua carreira na tevê.

Depois de estrear em “Pátria minha”, na Globo, em 1994, esta atriz de 42 anos foi para a Manchete, onde atuou em “Tocaia grande” e “Xica da Silva”, ambas dirigidas por Walter Avancini. “Ficava muito nervosa porque eram meus primeiros trabalhos de maior destaque como atriz. Tudo era muito novo, a gente ralava muito, gravava mais de 12 horas por dia. Ter atuado em ‘Xica’ foi incrível. Até hoje as pessoas lembram da novela”, exalta a atriz, sobre a trama onde interpretava Paulina, personagem que era meio-irmã da protagonista Xica, vivida por Taís Araújo.

Mas os trabalhos que mais divertiram a atriz na tevê foram suas malvadas, como a assassina Simone, de “Começar de novo”, da Globo. “Gosto mesmo é das vilãs. Esse lado meio ‘dark’ é muito gostoso de fazer”, anima-se Maria Clara, numa inquietude que reflete sua vontade de aprendizado na carreira. Além de ter feito diversos cursos de interpretação na Casa de Artes de Laranjeiras, a CAL,  e no Tablado - duas renomadas escolas de Arte Cênica no Rio de Janeiro -, a atriz também chegou a cursar faculdades de Filosofia, Comunicação Social e Teatro, mas não concluiu nenhum curso. “Quase terminei todos, mas acabava saindo por algum projeto no teatro ou alguma novela”, lamenta, sem perder o bom-humor.