Durante a coletiva, foi apresentada cronologia do crime e reconstituição do trajeto percorrido pelo acusado, estabelecendo que a esganadura de Eliane ocorreu à 1h30min de 2 de julho, próximo a um restaurante na Avenida Afonso Pena (veja box).
Segundo a versão da polícia, baseada nas provas técnicas, depoimentos de testemunhas que estiveram com o casal antes do crime e parte da versão apresentada pelo próprio acusado, Luiz Afonso já teria se dirigido ao prédio de Eliane, para acompanhá-la a um evento de artes em salão de festas na região do Bairro Cidade Jardim, disposto a matar a vítima. “Ele já tinha intenção de matar (Eliane) antes. Mas a decisão do que fazer com o corpo (queimar o veículo com a arquiteta dentro) foi tomada no dia do crime”, salientou o delegado Wellington.
Pelas investigações, foi possível determinar que Luiz Afonso utilizou aguarraz, um diluente para madeira, verniz, metal e dissolvente de tinta, e thinner (um tipo de solvente) para incendiar o Polo de Eliane com ela dentro. “O funcionário dele informou que havia um galão de aguarraz e dois litros de thinner na loja de iluminação na véspera do crime e no outro dia, ao procurar os materiais, não estavam mais no local”, disse.
Os motivos para cometer o crime, segundo apontaram as investigações, são ciúme, separação do casal e necessidade financeira. “Primeiro, eles iam se divorciar; segundo, ele havia convencido Eliane a fazer um empréstimo de R$ 60 mil e dias antes ela cancelou a operação. Em terceiro lugar, a situação financeira dele era problemática. Ele também deixou de ser Luiz Afonso para ser ‘o marido da arquiteta’, então sua autoestima estava abalada”, enumerou.
Ainda conforme o delegado, o perfil de Luiz Afonso é de um estelionatário. “É uma pessoa que não tem nada (bens) no nome dele. É inteligente, porém em uma conversa, tem a capacidade de trazer alguém mais inteligente do que ele ao seu nível. Não se mostra arrependido do que fez em nenhum momento”, descreveu.
Questionado sobre se o acusado seria colocado a par do conjunto de provas técnicas, o delegado Wellington disse que Luiz Afonso declarou em 13 de julho que só iria responder às indagações da polícia em juízo, portanto as provas que o incriminam também só serão levadas ao seu conhecimento da mesma forma.
Outras evidências
No decorrer das investigações, a polícia localizou vídeo de uma conveniência situada na Avenida Três Barras, no qual Luiz Afonso chega ao estabelecimento dirigindo o Polo prata de Eliane, entra e sai do local, levando fósforos e cigarros comprados na loja, e vinte e três minutos depois passa a pé em frente à conveniência, no horário em que o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater o incêndio ao veículo, na divisa do Jardim Villas Boas com o Parque Dallas.
Segundo as investigações, as roupas usadas pelo acusado na filmagem têm o mesmo padrão daquelas que ele estava vestindo quando foi preso — camisa preta e calça jeans. A camisa cinza com riscas que ele trajava durante festa na noite anterior ao crime, quando estava em companhia de Eliane, não foi apresentada à polícia, porém com a confirmação do laudo pericial sobre o fragmento de tecido encontrado no corpoda vítima, a polícia chegou à conclusão de que a vestimenta, provavelmente suja de sangue, foi colocada dentro do veículo na tentativa de eliminar provas do crime. Já a destinação da calça teria sido uma caçamba de lixo na Avenida Afonso Pena, segundo versão apresentada pelo próprio acusado.
De 1h06min às 1h16min há registros de 18 chamadas do celular de Eliane para o celular de Luiz – o que foi comprovado no celular dele, entregue à polícia. O celular de Eliane também ficou carbonizado. (DA)