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País tem potencial para triplicar safra recorde de grãos de 2010, diz senador País tem potencial para triplicar safra recorde de grãos de 2010, diz senador 17 AGO 2010 • POR • 04h00

     

Se o país solucionar problemas de escoamento da produção, investir na recuperação de áreas degradadas e ampliar a produção nacional de insumos agrícolas poderá triplicar o volume recorde de grãos esperado para 2010 - 146,4 milhões de toneladas, conforme estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A afirmação é do senador Neuto de Conto (PMDB-SC), ex-presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), em entrevista à Agência Senado.

- O grande problema é a infraestrutura, o escoamento, por exemplo. Hoje, compramos em Santa Catarina por R$ 18,00 uma saca de milho que é produzida por R$ 6,00 em Mato Grosso. O preço triplica por causa do transporte em caminhões, que rodam sobre estradas precárias - disse Neuto do Conto, para quem é urgente que se construam ferrovias em todo o país para escoamento da safra.

Ainda conforme o senador, o país pode obter um grande salto na produção agrícola apenas com a recuperação de áreas degradadas

- No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, temos mais de 60 milhões de hectares de terras degradadas, que podem ser recuperadas para agricultura, sem desmatamento ou poluição de qualquer tipo, apenas com tecnologia e infraestrutura, triplicando nossa produção - frisou ele.

O senador também defende que o Brasil se torne auto-suficiente em fertilizantes e adubos, principalmente aqueles à base de potássio. Para ele, é uma questão estratégica, pois o Brasil possui reservas de matéria prima e poderia fabricar os fertilizantes, deixando de depender do produto importado.

Quanto à reforma agrária, Neuto de Conto diz que é preciso fazer um cadastro nacional de trabalhadores sem-terra, para que se saiba exatamente quem é trabalhador rural, com vocação e vontade de trabalhar no campo.

        - É possível, sim, distribuir terras, assentar, oferecer tecnologia, tudo isso. Acontece que os movimentos de sem-terra e a questão da reforma agrária viraram mote de campanha, de manipulação política e ideológica, e a coisa não é tratada com a seriedade e a profundidade que merecia. Hoje, há um número enorme de desempregados urbanos como massa de manobra de movimentos políticos - disse.