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Perto de 50 jogos na seleção, Dunga diz que não pode relaxar nunca Perto de 50 jogos na seleção, Dunga diz que não pode relaxar nunca 10 OUT 2009 • POR • 16h00

     

        Da redação

        Dunga está às vésperas de disputar mais uma Copa do Mundo, agora como treinador. E tem um mérito enorme na reconstrução da seleção brasileira depois do fracasso no Mundial da Alemanha há três anos. O ex-volante assumiu o lugar de Carlos Alberto Parreira, em agosto de 2006, com a missão de mudar o ambiente e de resgatar nos jogadores a vontade de defender o Brasil.
        A caminhada, porém, não foi nada fácil. Dunga sofreu muita pressão até conseguir uma vaga na Copa do Mundo da África do Sul ao bater a Argentina, em Rosário. Neste domingo contra a Bolívia, em La Paz, ele completa 49 jogos. A partida de número 50 será na próxima quarta-feira contra a Venezuela, em Campo Grande.
        O treinador, no entanto, não relaxa nem um minuto. "Na seleção brasileira, você nunca está tranquilo, precisa sempre estar mostrando. Esse estresse nos faz caminhar. Temos sempre que buscar vitórias, independentemente de já estarmos classificados", discursou. "Vocês não vão nos perdoar por nenhum tropeço. Precisa ter o resultado positivo porque, caso contrário, todos serão cobrados aqui".
        O desempenho de Dunga é excelente à frente da seleção brasileira A estreia não foi assim tão animadora - um empate por 1 a 1 com a Noruega, no dia 16 de agosto de 2006 -, mas, em 48 jogos, foram 34 vitórias, 10 empates e apenas quatro derrotas - todas por 2 a 0 para Portugal, México, Venezuela e Paraguai. O aproveitamento é de 77,7% dos pontos disputados.
        O treinador conquistou o título da Copa América e da Copa das Confederações, além claro de conseguir uma vaga na Copa de 2010. Dunga, porém, nunca escapou das críticas, principalmente pelo trato com os jornalistas. O ex-capitão da seleção se mostrava rancoroso ainda pelos tempos de jogador.
        Em suas entrevistas, Dunga arrumava uma maneira de responder rispidamente até mesmo a perguntas mais amenas. Por isso, sempre que seu time tropeçava, ele era alvo de duras críticas. O momento mais difícil foi justamente após o empate com a Argentina por 0 a 0, pelas Eliminatórias. O treinador deixou o Mineirão, em Belo Horizonte, sob vaias e gritos de "Adeus, Dunga!", "Adeus, Dunga!".
        O técnico, porém, provou que é duro na queda. Ele resistiu à pressão, foi acumulando bons resultados e agora até alguns dos seus críticos mais ferrenhos reconhecem os seus méritos e admitem que Dunga poderá levar o Brasil ao sexto título mundial. A seleção não perde há 19 jogos, com 11 vitórias seguidas, e vai à África do Sul como favorita.
        "Fiquei 15 anos na seleção. Então era melhor colocar um técnico experiente ou alguém que conhece tudo isso que está envolvido? Aqui você precisa ter atitude, decisão... Quem está aqui precisa ter coragem. Vamos acertar, errar... O maior ganho foi o ambiente, o entusiasmo dos jogadores em jogar pela Seleção", analisou o treinador.
        Dunga até exalou bom humor nas duas entrevistas que concedeu na Granja Comary nesta semana. "Frio na barriga eu tenho quando vou enfrentar todos vocês", disse, rindo, quando questionado se o sentimento de disputar uma Copa era diferente. Ele sabe, porém, que sua missão só estará cumprida com o título mundial. "Tudo que eu fiz não adianta se eu perder na próxima. Você precisa controlar tudo porque sempre estoura na mão do treinador. Então você precisa ser o chato que diz não". (informações do Estadão)