Márcio Maio, TV Press
A ideia de confrontar a tecnologia urbana com o tradicional estilo de vida rural é uma das razões da empolgação atual de Tânia Alves. A atriz, que se prepara para encarnar a batalhadora Pérola de “Araguaia”, próxima novela das 18 horas da Globo, já sabe que essa vai ser a principal função de seu núcleo na história de Walther Negrão. Na trama, Pérola é casada com Cirso, de Gésio Amadeo, e mãe das três “joias” do Araguaia: as jovens Esmeralda, Safira e Ametista, de Raquel Villar, Cinara Leal e Nanda Lisboa, respectivamente. E, com elas, vai retratar as mudanças de uma casa que passa a ser influenciada diretamente pelos avanços tecnológicos. “Como ela e as filhas trabalham na agência de turismo da história, fica explícito esse encontro entre as questões mais regionais e a modernidade. Tanto que a nossa primeira cena é com o computador chegando na casa delas”, adianta Tânia.
Acostumada a aparições esporádicas na televisão, Tânia reconhece que não faz muitos trabalhos no veículo. “Mas quando faço, é coisa boa”, garante, soltando uma cativante gargalhada. Convidada pelo diretor Marcos Schechtman, com quem já trabalhou em “Amazônia – De Galvez a Chico Mendes” e “O clone”, a atriz não economiza palavras ao descrever seu processo de composição para interpretar a cozinheira da agência de turismo. “Fizemos laboratório de dança e de corpo para sentir a química entre as pessoas, principalmente os pares. O Schechtman disse que não quer sotaque, mas sei que vou ter de controlar o ‘chiado’ carioca”, avalia ela, que se diverte com o fato de quase todos os seus fãs acharem que nasceu no Nordeste. “Meu pai nasceu em Recife, mas eu sou do Rio de Janeiro, criada em Copacabana”, jura.
A única queixa de Tânia é por não ter sido escalada para participar das gravações em Goiás, junto com a equipe que viajou para a região do Rio Araguaia. Mas espera poder, durante a novela, passar pelo menos um fim de semana por lá. Mesmo que não seja para trabalhar. “Já fui inúmeras vezes a Goiás, mas nunca estive naquela área do Araguaia. E parece ter tudo a ver comigo, porque tem esportes radicais, que eu adoro”, valoriza.
Se depender da agenda de Tânia, não será fácil conseguir essa folga. Além de gravar a novela, a atriz continua à frente do SPA Maria Bonita, em Friburgo, e da filial em Ipanema, na Zona Sul carioca. Para preencher ainda mais seu tempo, Tânia grava em breve o CD e DVD ao vivo “A era de ouro do rádio”, projeto que já vem sendo apresentado em todo o país com seus shows. “Meu trabalho de cantora funciona como algo à parte da carreira de atriz. Eventualmente, junto as duas atividades, mas gosto de tratar como ocupações distintas”, esclarece ela, que não deve soltar a voz na novela.
A ideia de interpretar de novo um tipo urbano permeia os projetos futuros de Tânia. Mesmo sabendo que é difícil ser escalada para interpretar papéis que fujam do estereótipo nordestino ou rural. “O Walter Avancini me chamou para fazer ‘Morte e vida Severina’ e ali começou essa onda. Em seguida, veio ‘Lampião e Maria Bonita’, que abriu espaço para o convite do filme ‘Parahyba, Mulher-Macho’”, analisa. Curiosamente, hoje Tânia consegue relembrar uma fase de sua vida em que apareceu bem urbana na tevê: a atriz deu vida à espevitada Clotilde na primeira versão de “Ti-ti-ti”, papel que ficou com Juliana Alves no “remake” de Maria Adelaide Amaral. “Nunca recusei papéis por causa de sotaque. Claro que acho bacana romper rótulos e mostrar outras coisas, mas também sei que diretores e autores apostam no que dá certo porque a tevê é muito ágil”, ameniza.