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Cidades Erosões e assoreamento prejudicam Guariroba Erosões e assoreamento prejudicam Guariroba 31 AGO 2010 • POR • 09h03

Principal afluente que abastece a Capital, o Córrego Guariroba sofreu nas últimas décadas com o desrespeito ao meio ambiente. As erosões e assoreamentos dentro da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Guariroba podem colocar em risco o abastecimento de água em Campo Grande. Ao longo do córrego, são diversos bancos de areia: consequência da falta de manejo e o uso inadequado do solo.
Segundo o gerente de engenharia de água da empresa Águas Guariroba, José Ailton Rodrigues, se não houver políticas de conservação do solo para preservar o manancial, com o passar do tempo, corre-se o risco de esta água tornar-se imprópria para abastecer a Capital. “E, como consequência, a empresa terá de buscar água em mananciais mais distantes, o que certamente vai resultar em um aumento considerável na conta”, justificou Rodrigues.

Produtores  
Alegando desconhecimento e falta de informação, muitos produtores rurais abriram pastagens às margens dos córregos e das nascentes do Guariroba, onde a mata ciliar era uma proteção natural dos cursos d’água. De acordo com a legislação, a mata ciliar é Área de Proteção Permanente, sem a qual a erosão leva terra para dentro dos córregos. Os resíduos sólidos como areia, garrafas pets, sacos plásticos, também causam prejuízos ambientais e dificultam o tratamento da água para o abastecimento da população. Entope as tubulações de captação e diminui a quantidade e qualidade da água para o consumo humano.
No Córrego Saltinho, afluente do Guariroba, além dessas adversidades, algumas pessoas utilizam o local para práticas religiosas. “O problema é que quando chove, o material utilizado nos rituais é levado para dentro do córrego. Assim, quanto mais a gente suja as margens, mais estamos sujando a água que consumimos”, explica o professor e doutor em Ecologia, Ademir Cleber Morbeck. Grande conhecedor da área, Morbeck explica que na maioria dos córregos desta bacia, os bovinos utilizam as margens para beber água. “O gado vai fazendo os trilheiros até os córregos, que acabam eliminando a vegetação por onde a água escorre com mais velocidade, tendo assim o início do processo erosivo”, garante.
O córrego Guariroba, na saída para Três Lagoas, é responsável por 50% do abastecimento de água em Campo Grande. A distância entre a represa e a Estação de Tratamento é de 32 km, o que obriga a empresa a gastar com energia elétrica quase R$ 15 milhões por ano, o que equivale ao consumo de uma cidade com até 35 mil habitantes. (DA)