A previsão de que a maior incidência dos casos de dengue se daria em crianças e jovens com até 20 anos não se confirmou, conforme revelou o secretário municipal de Saúde Pública, Luiz Henrique Mandetta. Ele mesmo havia divulgado, na ocasião do lançamento da gincana contra a dengue, em setembro do ano passado, a expectativa de que os casos deveriam atingir aquela faixa etária. Porém, anteontem, ele baseou-se nas estatísticas de ocorrência da doença e informou que 70% dos 4.250 casos notificados até aquele dia foram registrados em pacientes com idade entre 20 e 49 anos. Até ontem, 494 crianças entre zero e 12 anos haviam sido levadas aos postos de saúde de Campo Grande por queixarem-se de sintomas da doença. No caso de jovens e adultos entre 13 e 59 anos, o número chegou a 2.691 pacientes à procura de assistência médica. Sorotipos A secretaria temia que o vírus da dengue tipo 2, que circulou em 2001 provocando epidemia, voltasse a causar a doença neste ano. Isso poderia ocasionar grande ocorrência em crianças menores de 10 anos, que não tiveram contato com o sorotipo do vírus naquela época e, por isso, o organismo delas não criou anticorpos para se defender do microorganismo. Porém, o sorot ipo 1 é que vem sendo identificado como o maior causador da doença neste ano. A última epidemia causada por ele foi em 1998. “Provavelmente, muitas pessoas que estão com dengue hoje não foram infectadas naquela época”, explicou Ana Lúcia Lyrio de Oliveira, coordenadora de vigilância em saúde de Campo Grande. São conhecidos quatro sorotipos da dengue, porém, no Brasil ainda não foi identificada nenhuma infecção pelo sorotipo 4. Neste ano, em Mato Grosso do Sul, os tipos 1 e 2 têm colocado os municípios em alerta, conforme divulgou a Secretaria de Estado de Saúde. Segundo Ana Lúcia, observa- se que o sorotipo 2 é o que causa quadros mais graves da doença, tendo relação direta com as mortes por conta de dengue.