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Política Gastrite pode ser silenciosa Gastrite pode ser silenciosa 1 FEV 2010 • POR MARCELLA BRUM, BOLSA DE MULHER • 06h55

Quase todo mundo que sente, com uma certa frequência, indisposições gástricas, tem a mania de tascar logo um diagnóstico de gastrite. No entanto, esse veredicto é bem mais complexo do que se imagina, e essa doença não se manifesta exatamente da forma como pensa a maioria das pessoas. A gastrite pode ter ou não uma série de sintomas, e esse é um dos motivos causadores dessa confusão que coloca o seu nome em vão. Estar sentindo dores, falta de apetite, azia, náuseas e má digestão para muitos é batata de que estão sendo vítimas de um quadro de gastrite. No entanto, estes fatores também são característicos de outro problema gástrico que pode ser sintoma de diversas outras doenças: a dispepsia, que acontece por alterações nos movimentos de contração do estômago ou por sua sensiblidade alterada, por fatores como alimentação inadequada, bebidas alcoólicas, estresse, medicamentos, verminoses e ansiedade. Mas afinal o que é gastrite? É uma inflamação na parede do estômago. O sintoma mais comum é a indigestão com ou sem sangramento no tubo digestivo. É causada por vários motivos que vão desde o sistema nervoso até o uso de medicamentos, e a dispepsia é um sintoma da gastrite. No entanto, esse conjunto de sintomas é que faz com as duas sejam confundidas. A maioria das pessoas geralmente possui apenas uma irritação gástrica, que não traz nenhum dano maior. Geralmente se desenvolve, quando as pessoas são submetidas a um estresse súbito. As crises muito frequentes seguem a ingestão de alimentos específicos, aos quais o indivíduo é sensível ao ato de comer rapidamente, ou comer quando se está cansado, ou emocionalmente descontrolado. Entretanto, muitas pessoas possuem realmente gastrite, adquirida das mais diversas formas, como pela ingestão de alimentos que contenham muito sal, temperos, ácidos e bebidas alcoólicas; pela bactéria Helicobacter Pylori, proveniente geralmente da água ou de alimentos mal lavados; pelo refluxo gástrico, que volta quando a entrada do esôfago não está devidamente fechada. E, finalmente, pelo nervosismo, que faz com que se produza mais ácido, o que irrita o estômago. Segundo especialistas, outro motivo que vem aumentando a incidência de gastrite na população é o uso de remédios anti-inflamatórios. Embora os alimentos não causem gastrite, pessoas com dores ou inflamações intestinais devem evitar comidas condimentadas ou ácidas. Devem ser evitados alimentos gordurosos, produtos derivados do tomate, chocolate, bebidas que contenham cafeína, chá e café, hortelã e álcool. Estes alimentos e substâncias relaxam a válvula que controla a passagem entre o esôfago e o estômago, facilitando o refluxo do suco gástrico e causando irritações. Só que nem sempre seus sintomas se manifestam e há quem sofra de gastrite sem saber. Dependendo da sensibilidade da pessoa, a gastrite pode ficar por décadas assintomática. Isso é perigoso, porque a irritação produz ácido, que pode desenvolver uma úlcera, que pode gerar um câncer. Mas quando os sintomas dão o ar de sua desgraça, sai debaixo. “Sentia uma forte dor entre as costelas, enjôo, acidez e mau hálito. Fui ao médico que pelos sintomas pediu uma endoscopia e foi constatada a gastrite pela bactéria. Olha... a crise é brabeira mesmo, não tinha ânimo pra nada, nem pra levantar”, conta o estudante Sílvio Rebello. O tratamento da gastrite se dá a partir de uma endoscopia com biópsia para saber qual o seu tipo. Normalmente, o tratamento consiste em dieta e medicamentos que inibem a produção ácida. Os médicos afirmam que a causa da gastrite também deve ser combatida. Se a pessoa tem uma gastrite alimentar, deve ser feita uma dieta. Se for a bactéria, deve ser medicação. Quando é por refluxo, ele deve ser tratado, e se for por causas de fundo nervoso, deve ser tratado o emocional, e a partir dos 45 anos é obrigatório o exame de endoscopia, por causa do grande risco de câncer de estômago.