O primeiro casamento entre o cinema brasileiro e o público aconteceu na década de 1970, quando filmes como “ A dama de lotação” (1978) , “Os Trapalhões na Minas do rei Salomão” (1977) e, principalmente, “Dona Flor e seus dois maridos” (1976) foram vistos, cada um, por mais de 5 milhõs de espectadores. No caso da obra baseada no livro de Jorge Amado, o número superou a 10 milhões de espectadores. Era um período em que o preço do ingresso era mais baixo, o que acabou tornando o cinema uma diversão atraente para as camadas mais populares. Também era um período em que os shoppings não faziam parte da paisagem urbana e os atuais multiplex ainda não eram realidade.
Mas invertendo tendências, o filme “Tropa de elite 2” caminha para ultrapassar a marca de “Dona Flor”. Mesmo numa época de ingressos com preços mais caros e o cinema sendo uma diversão predominantemente da classe média. Até o último fim de semana, a saga do Capitão Nascimento atingiu a marca de 10.017.280. Se manter a atual frequência, a produção assinada por José Padilha levará cerca de dois meses para se tornar o filme mais visto da história do cinema brasileiro. Em números redondos, “Dona Flor” teve 10.735.524. Talvez esteja nascendo aí um novo casamento entre o cinema nacional e o público. Em tempo: “Muita calma nessa hora”, que, na sua segunda semana em cartaz, já conta com 493.411 espectadores.