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COMBATE AO CRIME Vila Cruzeiro é do Estado, diz polícia após ocupação Vila Cruzeiro é do Estado, diz polícia após ocupação 26 NOV 2010 • POR RIO • 03h15

 "Posso dizer com 100% de certeza que a Vila Cruzeiro é do Estado", afirmou ontem o subchefe operacional da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, após descer do topo do morro, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, onde um grande contingente de policiais realizou ontem megaoperação de combate ao tráfico, utilizando blindados da Marinha.

 

 

"Hoje é um dia histórico", disse Oliveira, ainda ofegante, aos jornalistas, após descer do morro. Segundo ele, que participou da incursão da polícia até o topo, o retrato é forte, com vários veículos batidos, alguns pegando fogo, na tentativa de impedir o avanço da polícia, além de marcas de sangue.

Depois da entrada do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na favela, aproximadamente 200 criminosos armados fugiram para o Complexo do Alemão. A fuga foi feita por uma estrada de terra que corta o Morro do Caricó, que é desabitado e separa as duas comunidades. Oliveira afirma que, apesar da fuga, a polícia continuará na favela.

Segundo o inspetor Cassiano Martins, do esquadrão antibombas da Polícia Civil, ao longo do percurso, os policiais encontraram diversas armadilhas implantadas pelo tráfico, entre elas, um artefato caseiro, um "artefato de guerra", com sistema elétrico de detonação que corria por cerca de um quarteirão, mas acabou falhando. Além disso, também foram apreendidas granadas e explosivos capazes de danos em veículos e cujos estilhaços poderiam provocar ferimentos graves.

A Vila Cruzeiro é uma das principais comunidades em que os traficantes se organizam. A polícia acredita que vários criminosos que tiveram que deixar outras comunidades por conta da instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) migraram para a comunidade. O Complexo do Alemão também é considerado um ponto estratégico para o tráfico.

Nove blindados da Marinha entraram na Vila Cruzeiro, além de dois caminhões com fuzileiros. Os blindados têm capacidade para 12 pessoas e são equipados com artilharia antiaérea, com metralhadoras calibre .50. Um helicóptero da Polícia Militar sobrevoava ontem a área.

Segundo a PM, não são tanques, mas veículos blindados do modelo M113. A vantagem dos veículos é que, como são movidos a esteiras, não correm o risco de ter os pneus furados, como aconteceu anteontem com um "caveirão", veículo utilizado pelo Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais, da PM). Anteontem, quando o Caveirão manobrava no bairro, foram colocados obstáculos com barras metálicas – conhecidos como jacarés – embaixo dele, furando três de seus seis pneus, impedindo o trabalho dos policiais.

Entenda o caso
Uma onda de violência assola o Rio de Janeiro desde o último domingo (21), quando criminosos começaram uma série de ataques e incendiaram veículos. Na segunda-feira, as autoridades fluminenses consideraram os ataques uma resposta à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais. A intenção seria colocar medo na população.

A polícia investiga se os ataques estão sendo orquestrados pelas facções criminosas Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos). Oito presidiários foram transferidos do Rio para o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR). Desde o começo da semana, uma megaoperação está sendo feita em diversas comunidades da capital, sendo a Vila Cruzeiro, no subúrbio do Rio, o local com combates mais intensos.

Uma determinação do comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, obrigou todos os policiais de folga a retornar para seus batalhões. A Marinha foi enviada para ajudar no combate e o governo federal enviou reforço da Polícia Rodoviária Federal.