Em meio ao desgaste para a formação do segundo escalão do governo Dilma Rousseff, o comando do PMDB anunciou nesta terça-feira que ainda não está convencido "do valor do salário mínimo de R$ 540 fixado para 2011".
Os líderes do partido se reuniram no apartamento funcional onde o vice-presidente Michel Temer está morando enquanto o Palácio do Jaburu está em reforma.
Os peemedebistas cobram uma reunião com a equipe economia para discutir outro valor para o salário mínimo.
"Queremos discutir, queremos que a área econômica nos compense desse valor. Essa não tem que ser uma decisão partidária, mas a que representa o melhor para o país", afirmou o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara.
Questionado se a questão do salário mínimo tem relação com as indicações do segundo escalão, ele negou.
"Não tem nada haver uma coisa com a outra", disse o deputado.
No dia 30 de dezembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória estabelecendo aumento do salário mínimo de R$ 510 para R$ 540 a partir de 1º de janeiro.
A MP tem eficácia imediata, mas será discutida pelo Congresso Nacional, que pode alterá-la.
No Twitter, o deputado Eduardo Cunha (RJ) sinalizou qual será o valor exigido pelo PMDB. "Se o PDT que tem o Ministério do Trabalho vai apresentar emenda para aumentar o salário mínimo para [R$] 580 o PMDB tem que ao menos pedir [R$] 560", afirma.
Nomeações suspensas
Na reunião de hoje, o comando do PMDB também formalizou a licença do vice-presidente Michel Temer do comando da legenda.
No lugar o senador Valdir Raupp (RO) fica na presidência até março de 2012, sendo que Temer pode voltar ao cargo a qualquer momento.
Também ficou decidido que o senador Romero Jucá (RR) continuará como líder do governo no Senado e Eduardo Alves, como líder no PMDB na Câmara.
Ontem, na primeira reunião da coordenação política do governo Dilma foi decidido que estão suspensas as nomeações para o segundo escalão, como forma de conter a animosidade entre PMDB e PT. As indicações voltarão a acontecer depois das eleições no Congresso, que acontece em fevereiro.
"Em face da reunião de ontem, nós colocamos ordem nas coisas. A ordem é dialogar. A ordem é esta: está suspensa [as nomeações] enquanto não houver diálogo", declarou Temer, antes da reunião.
Para ele, "essas coisas [disputas por cargos] são assim mesmo".
A maior preocupação do governo e do PT neste inicio de governo é evitar que as insatisfações no PMDB acabem por prejudicar a eleição do petista Marco Maia (RS) à presidência da Câmara, em fevereiro.
Insatisfeito com a partilha de cargos no governo Dilma Rousseff, o PMDB também boicotou ontem a posse do novo ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio.