O clima quente associado ao volume maior de chuvas neste período aumenta o perigo de epidemias de dengue, por causa da aceleração do ciclo reprodutivo do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Segundo o virologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Celso Granato, o calor reduz em cerca de 40% o tempo que o inseto leva para se desenvolver e chegar à vida adulta. Isso significa que, em temperaturas altas, o Aedes aegypti leva menos tempo para se tornar um transmissor do vetor da dengue.
Granato diz que, numa temperatura de 22ºC a 25ºC, o desenvolvimento do mosquito leva em média 14 dias. Já entre 30ºC e 33ºC, esse tempo para o Aedes aegypti chegar à fase adulta pode cair para oito dias.
"É como se toda a linha de produção de uma fábrica fosse acelerada de uma hora para outra. O risco é grande e as cidades precisam ficar em alerta para combater os possíveis criadouros."
Ainda de acordo com Granato, outro problema que tem sido observado é o aumento da transmissão transovariana, ou seja, a fêmea do mosquito bota os ovos já infectados pela dengue.
Desta maneira, o mosquito, que normalmente passa a transmitir a dengue na fase adulta, já se torna um vetor desde que os eclodem. Quanto mais ovos são gerados, maior a probabilidade do de transmissões. "Consequentemente, o número de mosquitos infectados pela dengue em circulação é maior e mais pessoas podem ser contaminadas."