Domingo (30) foi o Dia Mundial de Combate à Hanseníase. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 2002 e 2007 foram registrados no mundo 2.365.977 casos novos de hanseníase, em que 95,8% dos casos concentravam-se em 18 países, estando a Índia em 1º lugar, com cerca de 1.547.510 casos e o Brasil em 2º lugar, com 258.926 casos. Em Mato Grosso do Sul, no mesmo período, foram registrados 5.664 casos novos de hanseníase na população geral; destes, 240 casos acometeram menores de 15 anos. Na população geral a taxa de detecção média variou em torno de 27,6/100.000 habitantes e na população de menores de 15 anos em torno de 4,0/100.000 habitantes.
As informações são da gerente-técnica do Programa de Controle da Tuberculose e Hanseníase da Secretaria de Estado de Saúde (PCT/PCH/SES), Marli Marques. Segundo ela, “estas taxas, segundo critérios epidemiológicos, são consideradas muito altas tanto na população geral quanto entre os menores de 15 anos”, diz Marques.
A técnica também informa que, no mundo, apesar do declínio na notificação de casos novos, um aspecto preocupante para a saúde pública refere-se à prevalência oculta, que tem por definição os casos novos esperados e não diagnosticados. Ela diz que a presença destes casos requer ações de sustentação de serviços integrados e de qualidade no controle da hanseníase que, além da detecção e de tratamento com poliquimioterapia, inclui prevenção de incapacidades e reabilitação, compromisso político e participação dos serviços gerais de atenção à saúde.
Marli Marques destaca que as atividades de controle voltadas à doença visam à descoberta precoce e tratamento de todos os casos existentes na comunidade, através da detecção passiva (demanda espontânea da comunidade) ou detecção ativa (busca de casos pelos serviços). Segundo ela, a vigilância de contatos deve ser feita anualmente, por pelo menos cinco anos, em virtude de a doença evoluir de forma lenta e silenciosa, onde o diagnóstico precoce é fundamental para a prevenção de incapacidades e quebra da cadeia de transmissão. “O exame de contatos em Mato grosso do Sul variou em torno de 64%, considerados insuficientes”, comenta a técnica da SES.
“A hanseníase marcou a humanidade por provocar medo, estigma e exclusão social devido às incapacidades físicas, além de responder pela perda do trabalho e afastamento do convívio social, causando custos elevados com seu tratamento além do impacto negativo no cotidiano dos indivíduos. Na presença de incapacidade no diagnóstico, conclui-se que este foi tardio, além de ter favorecido a transmissão da doença entre os conviventes”, comenta Marques, lembrando que, em Mato Grosso do Sul, entre 2005 a 2009, a avaliação relativa ao grau de incapacidade física do doente no momento do diagnóstico encontra-se próxima a 80% e presença de incapacidade física grau II variou de 6,2% a 11%, “muito acima do aceitável pelo Ministério de Saúde, que é de 5%”.