CIDADES
Estudantes ignoram lei e cobram pedágio
Estudantes ignoram lei e cobram pedágio
09/03/2010 07:38
-
Ontem, primeiro dia de
aula em 2010, na Universidade
Federal de Mato Grosso
do Sul (UFMS), calouros
e veteranos circulavam pela
universidade e também faziam
pedágio nas avenidas
próximas à UFMS, uma prática
que é proibida por lei.
“O trote serve como uma
recepção para os alunos que
estão chegando na universidade.
O pedágio faz parte do
trote. Não estamos fazendo
mal a ninguém, e só estamos
aqui porque queremos
participar da confraternização”,
disse um dos calouros
da UFMS, que estava no pedágio
no cruzamento da Via
Morena com Avenida Costa
e Silva e não quis se identificar.
O dinheiro arrecadado
pelos acadêmicos no pedágio
será revertido para festa de
calouros.
No corredor central da
UFMS, muitos estudantes
– calouros e veteranos – seguiam
o protocolo do trote
que todos os anos acontece
no estabelecimento de ensino.
“A gente apresenta as
salas, os laboratórios onde
os alunos que estão chegando
vão estudar. Pintamos
o rosto e corpo com tinta,
cortamos o cabelo dos meninos,
mas, tudo de forma bem
tranquila. Só participa, quem
quer”, disse André Tolentino,
19 anos, veterano do curso
de Biologia que acompanhava
um grupo de calouros do
seu curso.
Outro calouro que participava
do trote, ontem,
Matheus Viegas, 17 anos, do
curso de ciências da computação,
disse ter sido bem
recebido pelos veteranos que
apresentaram a universidade
à turma, rasparam o cabelo
dos garotos e pintaram o
rosto de quem participou
do trote. “Este é um momento
da nossa vida que a gente
não esquece. Acho importante
participar, confraternizar
com as pessoas, pintar o rosto”,
apontou.
Contra a violência
Diante de notícias sobre
trotes violentos em outras
instituições de ensino no país,
e para evitar e coibir esta
prática na UFMS, a assessoria
da universidade informou que
uma comissão foi criada para
apurar possíveis denúncias
de abusos cometidos durante
o trote em 2010. Na comissão
estão dois servidores da universidade,
dois advogados
representando a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) e
um acadêmico representando
o corpo discente.
Segundo a UFMS, as restrições
e critérios de punição
foram estabelecidos com base
na Lei Estadual 6384/2004,
que versa sobre a proibição
do pedágio; a Lei Municipal
3683/1999, que trata do risco
à integridade física e/ou
moral dos calouros em trotes,
e na Resolução 03/1987
do Conselho Universitário
(Coun), publicada na última
quarta-feira a qual proíbe até
pinturas e cortes de cabelos
nos alunos.
De acordo com a comissão,
serão investigados apenas
casos denunciados. A
punição para os alunos, por
parte da universidade, vai de
uma advertência até a expulsão
da instituição de ensino.
O aluno também poderá responder
criminalmente por
seus atos, dependendo da
gravidade do caso.
A Comissão de Trote disponibiliza
um e-mail para
denúncias de abusos: comissao.
trote@ufms.br. O anonimato
do denunciante será
mantido, se o requerente assim
preferir.