É certo que a ideologia deve impulsionar a política, estimulando valores e propostas voltadas para a realização de projetos. Na democracia, deveríamos ter o embate de ideias defendidas por partidos políticos, e, com a eleição, quem tem mais votos, assume o poder para colocá-las em prática.
Porém, na realidade, a ideologia deixou de nortear os governos e tem sido utilizada para justificar decisões que se afastam dos fatos da vida, o que vale tanto para partidos como para os governantes.
Para alcançar os fins propostos por qualquer visão ideológica se impõe viabilizar os meios.
No plano econômico, é fato que a inflação afeta com muito mais força a população carente, que é a mais sacrificada, e decididamente o desequilíbrio fiscal pressiona a inflação, causando o aumento dos juros, o que ocorre independentemente de qualquer bom propósito defendido por legítimos ideais.
Já na defesa do meio ambiente, é certo que os operadores mais avançados do agronegócio combatem o desmatamento e viabilizam ações sustentáveis, fortalecendo a presença no mercado internacional.
Na área da segurança pública, o combate às organizações criminosas não significa prejudicar a população da periferia, que, aliás, é a maior refém dessas estruturas voltadas para o contrabando e o tráfico de drogas e de armas.
Esses três setores são afetados pela visão distorcida da ideologia, e o governo eleito deve se afastar de armadilhas que podem desviar a realização de objetivos fundamentais para o êxito da administração pública, que terá um enorme desafio a partir do próximo ano.
Na economia, a reforma tributária é tratada como prioridade e deverá ser aprovada no próximo ano, resta saber qual. O consenso é a diminuição da carga tributária incidente sobre o consumo e diminuir a regressividade que onera os mais pobres.
Ainda assim, a grande questão é como fazer sem afetar a atração de investimentos e assegurar a segurança jurídica.
Já no meio ambiente, é fundamental estimular e fortalecer a sustentabilidade do agronegócio e combater quem exerce atividades predatórias, que não só causam sérios danos ambientais, como prejudicam a inserção da nossa produção no mercado internacional.
Na área de segurança pública, devem ser garantidos os investimentos humanos, materiais e financeiros, que não devem ser contingenciados, com a integração e coordenação entre forças federais e estaduais e a identificação do modus operandi das organizações criminosas.
Um fato que não pode ser menosprezado é que o mercado ilegal (contrabando, fraudes, pirataria e contrafação) financia o crime organizado que se fortalece, afrontando o Estado em todos os níveis, ameaçando toda a sociedade, especialmente os que moram na periferia.
No dia 1º de janeiro, renovamos a esperança de termos um governo à altura dos enormes desafios, e, sem esquecer a ideologia, saber que diante dos fatos, que se impõem, devemos ponderar como agir. Em verdade, não podemos mais alimentar a frustração.