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CLÁUDIO HUMBERTO

A Justiça não vai se omitir em dizer que houve excessos

A Justiça não vai se omitir em dizer que houve excessos

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“A Justiça não vai se omitir em dizer que houve excessos”
Presidente do STF, ministro Dias Toffoli, sobre julgamento que pode afetar a Lava Jato

Juristas preveem até anulação de atos de Janot
A expectativa dos meios jurídicos é de avalanche de ações, nos tribunais, tentando a nulidade das denúncias do ex-procurador geral da República na Lava Jato. Criminalistas constroem a argumentação de que Janot mostra em seu livro atitudes reveladoras de desequilíbrio, como plano de matar o ministro Gilmar Mendes, além de ingerir bebida alcoólica com a equipe, durante o expediente, em seu gabinete na PGR

Só uma chuvinha
O ministro Gilmar Mendes não acredita em “avalanche”, mas acha provável que argumentações do gênero sejam apresentadas.

Desempenho pífio
Gilmar diz que denúncias de Janot têm sido “escrutinadas” na 2ª Turma do STF. “Acho que só uma foi confirmada”, diz, puxando pela memória.

Cogitar não é crime
Para o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, contar o plano para matar o ministro não é crime. “É apenas cogitação de crime”.

Afinando o discurso
A justificativa para a “dose de qualquer bebida” era restaurar “clima de harmonia” e destravar a “compreensão mútua” do que devia ser feito.

DF: multa ao aeroporto pode chegar a R$9 milhões
Além da decisão de fechar de uma vez por todas os stands de venda de assinaturas de revistas no aeroporto de Brasília, o Procon do Distrito Federal notificou a concessionária Inframérica para explicar seu papel, omisso, no esquema que há anos lesa milhares de consumidores, cujos dados dos cartões de crédito são apropriados sob a promessa de malas de viagem como brinde. O esquema, com características de estelionato, funciona impunemente em vários aeroportos do País.

Tudo dominado
Proibida pelo Procon-DF de vender assinaturas da Editora Três, a empresa mudou de nome, com as bênçãos cúmplices do aeroporto.

Tudo armado
Quando as pessoas percebem que foram enganadas e tentam cancelar a compra, não conseguem. O temor de perder o voo as fazem desistir.

Mãos ao alto
É inútil insistir em cancelar a assinatura por meio do telefone informado na hora da venda. Muitos levam meses até se livrar da tunga esperta.

Pobre Pará
O presidente do Banco da Amazônia (Basa), Valdeci Tose, foi indicado ao cargo, que País maluco, pelo ex-senador Valdir Raup (MDB-RO), enroladíssimo na Lava Jato. Tose foi diretor do Basa em Rondônia.

Prisão fake
Depois de fazer bullying com José Guimarães (PT-CE) sobre dólares na cueca e outras roubalheiras, Gilberto Alves Jr e o deputado foram a uma sala da PF em Brasília e se acertaram. É falsa a informação de que teria sido preso, diz Gilberto: “ele [Guimarães] não prestou queixa”.

Devagar demais
O general Joaquim Silva e Luna cumpriu apenas 30% da missão de transferir para Foz do Iguaçu os funcionários de Itaipu que trabalham no bem-bom de Curitiba, a 640km. Dos 142, somente 39 se mudaram.

Farra farmacêutica
O presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter da Silva Jorge João, recebia até 20 diárias por mês, mais de R$10 mil, para fazer a “viagem” de 20km entre Belém e Ananindeua, no Pará. Segundo o CFF, isso só ocorreu enquanto a legislação permitia. Ah, bom!

Burocracia extrema
Ex-conselheira do Carf, a advogada tributarista Mírian Lavocat é uma das defensoras da simplificação e redução da atual carga tributária. “O sistema brasileiro é extremamente complexo e extremamente caro”, diz

Mobilização pela folga
Apesar do desbloqueio do MEC, professores da rede pública vão parar quarta e quinta, “pela educação”. A folga inclui “enforcar” a sexta. Os alunos pobres que se virem para compensar a perda de rendimento em relação aos alunos da rede privada, onde esse abuso não existe.

Ajuste fino
O ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) comemorou o pagamento de bolsas de pesquisa graças a transferência emergencial de verba de fomento. “Tínhamos orçamento, mas não tínhamos limite”.

Vários Brasis
Dono da maior diversidade linguística da América Latina com mais de 250 língua e dialetos, além do português, o Brasil sedia esta semana congresso sobre línguas originárias, com participantes de 80 países.

Pergunta no altar
Lula quer continuar preso para escapar do casamento com a namorada de Itaipu?

PODER SEM PUDOR

Croquis voador
Estudantes de engenharia curitibanos, do Projeto Rondon, mudaram a face de João Câmara (RN). Reformaram o coreto, a praça, até construíram um chafariz. Deixaram saudades. Meses depois, o prefeito Chico Bomba recebeu um recado: os estudantes precisavam de um croquis das obras que ajudaram a realizar, para um trabalho de conclusão de curso. O prefeito não entendeu direito, mas, solícito, foi aos Correios e ditou um telegrama: “Impossível encontrar conquis, mas segue a melhor craúna da região.” Em Curitiba, estudantes perplexos receberam do prefeito um pássaro preto.

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Com André Brito e Tiago Vasconcelos

www.diariodopoder.com.br

Colunistas

Clientes sem viagem, empresas sem pagamento

Operadora renomada deixa consumidores sem respostas e aciona alerta no setor

20/03/2025 00h04

Leandro Provenzano

Leandro Provenzano

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O mercado do turismo tem enfrentado batalhas inglórias, que passaram pela pandemia, recuperação judicial da empresa 123 milhas, e agora, um novo player do mercado já informou que não conseguirá honrar com compromissos já assumidos.

A Viagens Promo é uma operadora de turismo brasileira, com foco em vendas B2B – ou seja, monta pacotes de viagens que são comercializados por meio de agências de turismo. Recentemente ela enfrenta uma grave crise financeira, que tem levado a atrasos de pagamentos a fornecedores e parceiros, comprometendo toda a operação.

No início de 2025, a Viagens Promo reconheceu oficialmente sua instabilidade operacional e financeira, informando não dispor de recursos para honrar reservas futuras e iniciando uma força-tarefa de reestruturação. As consequências foram imediatas: companhias aéreas suspenderam serviços por falta de pagamento e voos fretados foram cancelados, deixando centenas de passageiros sem embarcar.

Hotéis parceiros também deixaram de receber pelos hóspedes encaminhados pela operadora, levando alguns a recusarem check-ins de clientes que chegavam com reservas não pagas. Houve casos de viajantes barrados na recepção do hotel e de agentes de viagens tendo que arcar do próprio bolso com diárias para acomodar seus clientes, na esperança de reembolso futuro. 

Diante desse cenário, surge a questão: qual a responsabilidade jurídica de cada parte envolvida – agências, companhias aéreas, hotéis e os próprios consumidores – e que soluções existem para mitigar os danos de uma falência ou inadimplência no setor de turismo?

As empresas do ramo já estão se preparando para o não cumprimento de compromissos assumidos pela Viagens Promo. Hotéis já estão avisando as agências e hóspedes que não receberam pelas reservas e que, caso elas não sejam pagas até a chegada do consumidor, este não conseguirá realizar o check in.

Com isso as agências de turismos e hóspedes estão tentando uma saída para que não haja a perda das viagens, onde, além do gasto com hotel, o consumidor também arca com o transporte, bem como se planeja financeira, pessoal e profissionalmente para que a viagem ocorra dentro de um alinhamento do calendário familiar.

Fato é que nenhum desses entes da cadeia do turismo estão totalmente seguros, muito menos possuem direitos e deveres claros quando o assunto é jurisprudência, uma vez que, infelizmente, ela varia de tribunal para tribunal, onde alguns determinam que a responsabilidade, por exemplo, entre hotel e agência de turismo é solidária, ou seja, ambos podem responder integralmente pelo prejuízo do consumidor, ainda que este tenha sido causado pela Viagens Promo.

Já outros tribunais entendem que cada elo desta cadeia se responsabiliza pelo que recebeu (ou receberia) pelos serviços prestados, por exemplo, a agência de turismo teria sua responsabilidade nos limites de sua comissão, já o hotel responderia no limite do valor que receberia pela reserva.

Fato é que mais uma crise acertou o turismo nacional e prejudicará toda a cadeia. Não se sabe se a Viagens Promo entrará ou não em recuperação judicial (certamente sim), mas com certeza sua crise irá prejudicar centenas (talvez milhares) de empresas menores que ela, que terão que suportar prejuízos tão acima de suas capacidades de pagamento, que inclusive pode levá-las a encerrar suas atividades.

Os consumidores dispõem de um arcabouço legal sólido (CDC) que os ampara – seus direitos a transparência, restituição e indenização, e eles devem exercê-los ativamente, buscando apoio de órgãos competentes quando necessário.

Medidas preventivas, como a contratação de seguros de responsabilidade por agências e operadoras, podem fazer toda diferença em casos extremos, ao passo que medidas corretivas, como a ação regressiva, permitem que o prejuízo seja repassado à parte devida, evitando a injustiça de punir quem agiu de boa-fé para socorrer o cliente.

O caso da Viagens Promo serve de alerta e aprendizado para o mercado de turismo. Mais do que nunca, fica clara a necessidade de planejamento financeiro responsável pelas empresas, transparência na relação com parceiros e clientes, e mecanismos de proteção (contratuais e securitários) para emergências. 

Do ponto de vista jurídico, a mensagem é inequívoca: a cadeia de fornecedores deve funcionar como uma rede de segurança ao consumidor – se um elo falha, os outros precisam suportar aquele viajante, pois assim exige a lei e a confiança do público, claro, que tudo isso dentro do limite da responsabilidade de cada agente. Ao final, reforça-se que responsabilidade e cooperação são pilares essenciais para superar crises no turismo com o mínimo de danos e preservar a credibilidade do setor frente aos viajantes.

Leandro Amaral Provenzano ([email protected])

ARTIGOS

You are now a central banker

19/03/2025 07h45

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Ser um banqueiro central frequentemente implica tomar decisões impopulares para manter a estabilidade econômica. A frase “You are now a central banker”, enviada por Paul Volcker a Alan Greenspan, simboliza essa responsabilidade: conter a inflação e salvaguardar a credibilidade da política monetária, mesmo diante de pressões políticas e reações adversas. Volcker repassou essa frase em um bilhete enviado a Greenspan após a primeira reunião em que este, como presidente do Federal Reserve no fim da década de 1980, decidiu elevar as taxas de juros, marcando um momento crucial de sua gestão.

No Brasil, a condução da política monetária ocorre em um ambiente de forte pressão fiscal. A política de ajustes de gastos adotada até aqui não tem favorecido a estabilização das expectativas de inflação e impõe desafios adicionais ao Banco Central (BC). Desde o anúncio, em novembro de 2024, de medidas de corte de gastos consideradas insuficientes pelo mercado, as projeções fiscais permanecem frágeis. A mediana das previsões de mercado do Relatório Focus indica deficits primários de 0,6% do PIB tanto em 2025 quanto em 2026, enquanto a dívida pública bruta deve atingir algo próximo a 81% e 85% do PIB nesses anos. Pior, mesmo olhando para horizontes mais longos, como 2027 e 2028, o mercado não enxerga equilíbrio do resultado primário.

A deterioração das expectativas de inflação foi significativa: desde o fim de novembro, a mediana das previsões para 2025 saltou de 4,4% para 5,7%, enquanto para 2026 subiu de 3,8% para 4,4%, desviando-se consideravelmente da meta de 3% ao ano, com um limite de tolerância de até 4,5%. E o cenário pode se agravar, já que, em fevereiro, a inflação de 1,31% foi a maior desde 2003. No acumulado em 12 meses, a inflação já está em 5,06%.

A ata da última reunião do Copom preservou o tom firme da administração anterior de Roberto Campos Neto e reconheceu que o hiato do produto está positivo, a inflação resiliente no setor de serviços e o mercado de trabalho ainda apertado. Esse contexto reforça que o último ajuste de juros e a sinalização de um novo aumento, decididos antes da mudança de comando no BC, estavam na direção certa. O mercado já precifica esse aumento de um ponto porcentual na reunião de março, que ocorrerá na semana que vem e deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano.

As decisões do Copom serão analisadas de perto, não apenas porque esse aumento foi definido na gestão anterior, mas principalmente porque o mercado buscará sinais claros sobre a disposição do novo comando em controlar a inflação. Em contextos de teoria dos jogos, um BC com inclinação mais branda em relação à inflação pode adotar estratégias de comunicação e medidas que transmitam uma imagem de maior rigor para preservar sua credibilidade, especialmente se os custos reputacionais de revelar uma postura mais flexível forem elevados.

Assim, as reuniões a partir de maio serão decisivas para sinalizar a posição do BC ao mercado. Se os riscos indicarem um afastamento das expectativas da meta e os indicadores continuarem apontando para uma inflação resiliente, o BC poderá ser forçado a agir não apenas para evitar a erosão do juro real, mas também para intensificar o aperto monetário. Mesmo que os dados sejam conflitantes e haja incerteza no mercado quanto à dinâmica futura, o BC terá que escolher entre reforçar sua credibilidade ou arriscar um cenário no qual a política monetária perde efetividade. Esse último caso implicaria em juros elevados por mais tempo, com custos significativos para a sociedade, até que a confiança fosse restabelecida.

Um auxílio do governo no campo fiscal seria fundamental para reduzir o custo de desinflação da economia brasileira e o impacto de juros mais altos sobre o setor privado. Enquanto isso, Galípolo e sua equipe estarão sob constante escrutínio do mercado para manter a credibilidade da política monetária em um cenário fiscal adverso. Com o cumprimento da meta de inflação sob pressão, a condução da política exigirá decisões difíceis, como Volcker sinalizou a Greenspan.

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